Os repórteres Ildefonso Olmedo, da Espanha e Juan José Toro, da Bolívia, ambos do jornal El Mundo, de Madrid, publicaram neste domingo (23) uma longa crônica onde afirmam que se encontraram neste ano com o homem que executou Ernesto “Che” Guevara de la Serna, argentino que liderou – ao lado dos irmãos Fidel e Raúl Castro e de Camilo Cienfuegos – a Revolução Cubana, em 1959. De acordo com a publicação, o ex-soldado do exército boliviano, Mario Terán Salazar, vive em Santa Cruz de La Sierra, no oriente da Bolívia, com a mulher e dois cachorros, e se recusou a admitir que foi o homem que matou Che.
A confirmação de que Mario Terán Salazar, hoje com 72 anos, é o assassino do famoso guerrilheiro aconteceu de duas maneiras: primeiro, em um encontro com o próprio, em sua casa, em Santa Cruz, ele se reconheceu em uma fotografia tirada em Cochabamba meses depois da execução do líder argentino, em que aparece como o autor dos disparos. Depois, o general aposentado Gary Prado, que prendeu Che na selva boliviana em 1967 e também reside na cidade, admitiu que Mario Terán Salazar é seu amigo e que ele foi o responsável pela morte de Guevara.
“As circunstâncias levaram Terán a isso, apenas. Quando tiraram a foto dele, em Cochabamba, eu ainda fiz uma recomendação: ‘não se meta nisso’. Fiz isso para que não houvesse vingança contra ele”, disse Gary ao jornal. “A versão correta da morte de Guevara é a seguinte: quando o coronel Joaquín Zenteno recebeu a ordem pelo rádio, chamou os sub-oficiais e os sargentos que estavam em La Higuera [cidade 325 km distante de Santa Cruz de La Sierra] e lhes transmitiu a mensagem que tinha recebido. Sete oficiais se colocaram como voluntários, e então Zenteno começou a apontar com o dedo quem mataria quem: ‘você pega o Willy [Simón Willy, companheiro boliviano de Che Guevara na selva do país], você o Che..’, disse, apontando para o Terán. Mas é preciso se colocar naquele lugar e naquele momento. Tínhamos soldados mortoes e também estávamos com a adrenalina alta. Entao, todos pegaram suas carabinas e entraram nos quartos estavam os prisioneiros. Não teve palavras nem discursos. O próprio Mário Terán nunca deu uma declaração pública sobre o assunto. Houve um esforço durante todos esses anos para criar um mito”, completou ele.
Ainda de acordo com a reportagem, Mario Terán Salazar negou que tenha sido curado de uma doença que o havia deixado cego por médicos cubanos. “Eu não estava cego, era apenas uma simples catarata que deixou meu olho direito avermelhado”, disse Terán.
Ernesto Che Guevara morreu no dia 9 de outubro de 1967, em La Higuera, na Bolívia, um dia depois de ser capturado pelo exército boliviano, que o perseguia em companhia da Central Intelligence Agency (CIA). Seu corpo ainda ficou exposto na cidade de Vallegrande, também na província boliviana de Santa Cruz de La Sierra, antes de ser enterrado em uma vala comum. Seus restos mortais seriam encontrados apenas em 1997, quando foram levados para Havana, em Cuba.
Para ler a crônica completa do jornal El Mundo, clique aqui.
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