A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, foi formalmente acusada nesta sexta-feira (13) pela ocultação dos acusados iranianos na investigação do atentado a uma associação israelita em Buenos Aires, em 1994. Era a denúncia que seria feita pelo procurador Alberto Nisman no dia 19 de janeiro, e que só não foi declarada no parlamento argentino porque ele foi encontrado morto um dia antes, em seu apartamento, na capital do país. Cristina não se pronunciou sobre o assunto até o início da noite desta sexta-feira.
A iniciativa de investigar Cristina partiu do procurador Gerardo Pollicita, que analisou os documentos que seria apresentados por Nisman. Segundo o jornal argentino La Nación, a denúncia contém cerca de 300 páginas e foi assinada pelo chefe do Ministério Público Criminal, Daniel Rafecas, nesta sexta. Além da presidente, também serão investigados pela justiça o chanceler Héctor Timerman e os deputados kirchneristas Andrés Larroque e Luis D’Elia. Na denúncia de Nisman, todos são citados por acobertar iranianos suspeitos do atentado em troca de negociações comerciais com o governo do Irã.
“A decisão deliberada de encobrir a origem iraniana foi tomada pela chefe do Executivo, Dr. Cristina Fernandez de Kirchner, e executada principalmente pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros da Nação, Sr. Héctor Timerman Marcos “, escreveu Nisman em um dos trechos da sua denúncia divulgada nesta sexta.
A Casa Rosada se pronunciou por meio do Secretário-Geral da Presidência da República, Aníbal Fernandez. Ele disse que a investigação contra a presidente tem como objetivo “desestabilizar a democracia argentina” e que a denúncia “não tem nenhum valor ou importância” em termos legais, mas “causaria um ‘crash’ na sociedade”.
Ainda de acordo com o documento assinado por Nisman, a presidente argentina mantinha contato com o governo do Irã com o interesse de vender trigo barato em troca de petróleo, concordando em acobertar os iranianos que participaram do atentado de 20 anos atrás. Ele ainda diz, em sua denúncia, que a atitude de Cristina foi uma “conspiração criminosa decidida por ela e operada por Timerman”. “O plano criminoso foi iniciado em janeiro de 2011, quando Timerman viajou para a cidade síria de Aleppo e, secretamente, se reuniu com seu colega iraniano Ali Akbar Salehi, que o informou que as autoridades argentinas estavam dispostas a desistir da investigação ao atentado do MIA em troca de cooperação e da restauração das relações comerciais plenas entre os dois estados”, diz outro trecho.
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