Reportagem do jornal francês Libération publicada na edição desta quarta-feira (13) afirma que o Estado Islâmico estava planejando um atentado contra a delegação francesa à Olimpíada no Rio de Janeiro. Segundo um inquérito parlamentar ao qual o jornal teve acesso, o chefe da Inteligência francesa, general Christophe Gomart, declarou que um brasileiro que pertencia ao grupo extremista “estava prestes a realizar ataques contra a delegação francesa nos Jogos Olímpicos”.
A afirmação foi feita aos parlamentares em uma reunião a portas fechadas em 26 de maio, mas acabou sendo publicada no site da Assembleia Nacional na última terça-feira (12). Segundo o jornal, este trecho das conversas não deveria ter sido publicado, o que explica certas incongruências nas transcrições dos diálogos entre o general e os parlamentares. Um deles, Georges Fenech, da UMP, diz a certo momento: “Eu não tinha ouvido falar deste brasileiro que estava prestes a realizar ataques contra a delegação francesa nos Jogos Olímpicos”.
Questionado sobre como a Inteligência teve acesso a essa informação, o general Gomart respondeu de forma lacônica: “Por nossos parceiros”. O diretor da Inteligência não deu nenhum detalhe sobre uma eventual prisão ou mesmo sobre a localização desse brasileiro que integra o Estado Islâmico. Também não há certeza de que ele morava no Brasil ou se residia em outro país. Segundo o jornal, o Brasil criou um núcleo anti-terror com o apoio de especialistas americanos, franceses, ingleses e espanhóis.
O Libération também questionou o ex-presidente Lula sobre suas expectativas para a Olimpíada. Lula declarou que estava “cruzando os dedos” para que não houvesse nenhum problema com a segurança: “Eu não acho que exista a ameaça de um ataque terrorista no Brasil. É um país fraterno e pacífico. Mas estou certo de que todas as precauções precisam ser tomadas”.
O diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Wilson Trezza, disse que o órgão não havia recebido nenhuma informação do serviço secreto francês sobre um eventual plano terrorista, mas evitou criticar uma suposta decisão da França de não deixar o Brasil a par da informação: “Eu não posso afiançar o que houve para que ele [serviço francês] tivesse divulgado e não tivesse falado conosco ainda. Mas certamente nós vamos nos sentar para conversar sobre isso porque existem representantes do serviço de inteligência francesa no Brasil e nós temos feito conversações permanentes”, disse Trezza.
“Todas as delegações estão tendo o mesmo grau, estão levando o sistema de segurança integrada a enfrentá-los, a tratá-los, com o mesmo grau de risco. Todos são elevados”, disse o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Sérgio Etchegoyen, em entrevista coletiva na sede da Abin, em Brasília: “Nenhuma delegação terá um tratamento ‘não especial’. Quando a gente classifica algumas delegações com graus de risco pode nos fazer, de alguma maneira, descuidar das outras”.
A Abin produziu até o momento, segundo Trezza, 61 relatórios de análise de risco sobre a Olimpíada, cujo conteúdo não foi divulgado. O acompanhamento dos Jogos será feito por centros de inteligência que funcionarão 24 horas por dia em Brasília, Rio, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Manaus e São Paulo.
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