Em um dos discursos mais contundentes desde o início do seu pontificado, o papa Francisco exigiu nessa quinta-feira (9), na Bolívia, uma “mudança de estrutura” mundial e disse que o capitalismo é uma “ditadura sutil”.
Quando chegou ao país, o presidente Evo Morales presenteou o papa com um Jesus Cristo crucificado em um foice e um martelo, de madeira.
Em um encontro com movimentos sociais em Santa Cruz de la Sierra, como parte de sua viagem pela América Latina, o líder da Igreja Católica pediu para a população lutar pela defesa dos “três T: terra, teto e trabalho”. “Precisamos e queremos uma mudança”, afirmou Francisco. “Falo de problemas comuns de todos os latino-americanos e, em geral, de toda a Humanidade. Problemas que têm uma matriz global e que hoje nenhum Estado é capaz de resolver sozinho”, ressaltou.
De acordo o Papa, o capitalismo “impôs a lógica dos lucros a qualquer custo, sem pensar na exclusão social ou na destruição da natureza”. “A primeira tarefa é colocar a economia a serviço dos pobres. Os seres humanos e a natureza não devem servir ao ‘Deus do dinheiro’. Precisamos dizer ‘não’ a uma economia de exclusão e desigualdade na qual o dinheiro domina, em vez de servir”, criticou Francisco diante de um público formado por sem-tetos, indígenas e quilombolas brasileiros.
“Não se pode consentir que certos interesses globais, mas não universais, se imponham e submetam os Estados e as organizações internacionais à destruição da criação”, ressaltou o papa, referindo-se ao meio ambiente, tema de sua mais nova encíclica, a “Laudato Si”, que fala sobre escassez e preservação ambiental.
Em um país de maioria indígena, o Papa também pediu desculpas pela ação da Igreja Católica no processo de colonização. “Foram cometidos muitos e graves pecados contra os povos originários da América em nome de Deus”, disse. A Bolívia foi a segunda etapa da viagem de Francisco pela América Latina. Antes, ele esteve no Equador. Amanhã, ele irá ao Paraguai.
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