O líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, encaminhou uma carta aos estudantes da Federação Estudantil Universitária (FEU) de Cuba na noite de segunda-feira (26) em que afirma que “não confia na política dos Estados Unidos”, que “não trocou uma palavra sequer com os norte-americanos”, mas que “isso não significa que que ele tenha rejeitado a solução pacífica” encontrada entre os dois países, que anunciaram o retorno das relações diplomáticas em dezembro do ano passado. Foi a primeira declaração pública de Fidel desde que o anúncio da reaproximação foi feito por Raúl Castro e Barack Obama, dias antes do Natal de 2014.
“Não confio na política dos Estados Unidos nem troquei uma palavra com eles, sem que isto signifique uma rejeição a uma solução pacífica dos conflitos ou dos perigos de guerra. Defender a paz é um dever de todos. Qualquer solução pacífica e negociada dos problemas entre os Estados Unidos e os povos da América Latina, que não impliquem o uso da força, deverá ser tratada de acordo com as normas internacionais”, diz um trecho do documento assinado por Fidel. “Defenderemos sempre a cooperação e a amizade com todos os povos do mundo e, entre eles, os nossos adversários políticos. É o que queremos para todos”, completa. Clique aqui para ler o texto completo.
As palavras foram escritas após Fidel lembrar dos combates militares na África do Sul, na década de 70, quando o governo do país africano iniciou investidas no território da Angola na tentativa de implementar o regime do apartheid no vizinho. Naquele período, Cuba enviou soldados para lutarem no território angolano, enquanto forças norte-americanas se juntaram a Israel e aos sul-africanos nas incursões militares. “Muitos amigos de Cuba conhecem a exemplar conduta do nosso povo, e para eles eu explico a minha posição em breves palavras”, dedicou, antes de falar sobre o acordo entre Havana e Washington.
Fidel – que deixou o poder em 2006, por problemas de saúde – também deixou claro que a decisão foi tomada pelo seu irmão, Raúl Castro, presidente do país desde então. “Ele deu passos pertinentes de acordo com as suas prerrogativas e as faculdades que lhe concedem a Assembleia Nacional e o Partido Comunista de Cuba”, escreveu.
Ele não é visto em público desde janeiro do ano passado, quando assistiu à inauguração de uma galeria do artista cubano Alexis Leyva ‘Kcho’, em Havana. No final daquele mês, fotos dele com a presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, em sua casa, foram publicadas pela imprensa oficial cubana.
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