Ao menos 24 pessoas morreram e 11 continuam desaparecidas após barcos de refugiados naufragarem no mar da Grécia. Oficiais da Guarda Costeira europeia trabalham no resgate na costa da ilha de Samos. Dez pessoas foram retiradas das águas com vida. O oficias avaliam que havia 45 pessoas nos botes.
A Guarda Costeira informou que cinco dos resgatados foram encontrados agarrados a um pedaço de madeira flutuante. Os sobreviventes estavam em estado de choque e incapazes de contar com clareza o que ocorrera.
Essa é a segunda tragédia registrada em menos de 48 horas nas ilhas gregas. Nesta quarta (27), um outro incidente próximo à ilha de Kos matou outras seis pessoas – uma delas era criança. Os acidentes são comuns nessa região por er muito próxima à costa da Turquia e a principal porta de entrada para os imigrantes chegarem à Europa.
Até o dia 26 de janeiro, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), 158 pessoas morreram ao tentarem atravessar o mar Egeu em 2016. Ao todo, mais de 45,3 mil chegaram à Grécia neste ano mesmo com o forte inverno que atinge a região e as restrições para a passagem de imigrantes nas fronteiras.
Expulsão
A Suécia deve expulsar entre 60 mil e 80 mil pessoas, segundo afirmou o ministro sueco do Interior, Anders Ygeman, alegado que o pedido de asilo dessas pessoas foi negado. O número é quase a metade das solicitações recebidas pela Suécia em 2015.
Cerca de 163 mil imigrantes fizeram o pedido no ano passado, representando o número mais alto per capita da Europa. Dos 58,8 mil casos avaliados até agora, 55% foram aceitos pelo governo. Para enviar as pessoas de volta para seus países de origem, serão usados voos fretados.
“Acredito que vamos ver mais aviões fretados, especialmente sob os cuidados da União Europeia. Temos um grande desafio pela frente. Teremos que ampliar os recursos utilizados para isso e devemos ter uma melhor cooperação entre as autoridades”, afirmou Ygeman.
Já a Grã-Bretanha, que tem uma linha mais dura na questão da concessão de asilos, informou que não acolherá mais crianças sírias ou de outras áreas de conflitos que não estejam acompanhadas. Porém, aqueles que já estiverem no país receberão o benefício.
O Ministério do Interior disse que já entrou em contato com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) para identificar “casos excepcionais” de crianças que estão precisando do asilo. Para se ter ideia, só no primeiro semestre do ano passado, mais de 100 mil menores de idade desacompanhados chegaram ao continente.
Tratado de Schengen
Na noite desta quarta (27), o vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, anunciou um relatório após uma “longa discussão” sobre as fronteiras externas. Segundo ele, as fronteiras da Grécia – especialmente – apresentam “sérias carências”.
Esse é o primeiro dos quatro procedimentos necessários para a ativação do artigo 26 do Tratado de Schengen. Nele, há a possibilidade da suspensão da livre circulação de pessoas pelos países-membros da zona Schengen (26 nações europeias) por até dois anos por causa de “circunstâncias excepcionais” que “constituem uma séria ameaça para a ordem pública ou a segurança interna”.
Nos próximos dias, esse documento chegará ao Comitê de Avaliação de Schengen para uma aprovação definitiva. Sucessivamente, a Comissão Europeia irá propor um plano de ação com recomendações para resolver “a série de persistentes carências” no local.
Se ao fim de três meses, a Grécia não resolver as correções propostas, a Comissão poderá propor a ativação do artigo 26. A avaliação foi toda conduzida com base em diversas visitas inesperadas de especialistas enviados para o país e realizadas desde novembro.
“Desde novembro houve progressos, mas ainda há muito por fazer”, ressaltou Dombrovskis. Segundo o relatório, Atenas está “negligenciando suas obrigações” e as carências se concentram “no processo de identificação, registro e controles na base do Sistema de Informações de Schengen (SIS), mas também no processo de acolhimento e repatriações”.
De acordo com dados da OIM, mais de 820 mil imigrantes chegaram ao continente europeu através das rotas marítimas gregas. Desse número, 455 mil estavam fugindo da guerra civil na Síria e outros 186 mil do Afeganistão.
Renzi pede ‘melhor controle’ nas fronteiras: Em uma entrevista à “Faz”, o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, defendeu que a Europa “controle melhor as suas fronteiras”.
“Os refugiados que vêm de países em guerra serão salvos, mas aqueles que vem de outros países devem ser mandados de volta”, ressaltou. Ao ser questionado sobre o fato dos problemas de identificação, como os que ocorrem na Grécia, terem sido registrados na Itália, o premier ressaltou que esses problemas foram corrigidos e que agora “todos são 100% registrados”.
Já na questão do abrigo aos que chegam ao continente, Renzi afirmou que o caso não pode ser resolvido sozinho por Alemanha e França.
“Ficaria grato se Angela [Merkel] e François [Hollande] pudessem resolver todos os problemas, mas infelizmente não é assim que funciona. Se, por exemplo, se busca uma estratégia complexa para a questão dos refugiados, não pode bastar se Angela chama Hollande e depois chama o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e eu sei do resultado através da imprensa”, disse o premiê.
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