Nas últimas semanas, mais três reféns do Estado Islâmico morreram. Eles eram: o espião japonês, Haruna Yukuwa; o jornalista japonês, Kenji Goto; e o piloto jordaniano, Muath al-Kasaesbeh.
No entanto, antes de serem mortos, houve uma tentativa de negociação entre EI e os respectivos países de cada refém (Japão e Jordânia). Primeiramente, o grupo exigiu do governo japonês a quantia de R$ 200 milhes de dólares pela vida de Yukawa e de Goto.
O governo japonês acabou por não ceder, e Yukawa foi decapitado. Então, o EI fez outra demanda para dessa vez libertar Goto e Kasaesbeh: soltar a jihadista iraquiana Sajida al-Rishawi, condenada à morte na Jordânia, depois de um atentado suicida fracassado em Amã, capital do país, em 2005.
A Jordânia tampouco atendeu as exigências do grupo extremista e Goto e Kasaesbeh foram assassinados.
Ainda que os reféns tenham sido assassinados, em dado momento, houve uma tentativa de negociar a vida deles. Mas há um dilema em relação a negociar com grupos considerados terroristas, de um lado os familiares e próximos dos reféns que pressionam os governos em busca de uma solução para salvar a vida das vítimas, e do outro, as consequências do que isso pode levar.
Confira algumas imagens do Estado Islâmico:
Segundo Sidney Ferreira Leite, professor do curso de Relações Internacionais da Belas Artes e da Espm, “existe uma regra na relação entre o Estado e o terrorismo, isto é, que não devemos negociar com terrorista, pois cria-se um precedente de iniciar um processo de estímulo a novos sequestros”.
Para Ferreira Leite, a negociação ainda que só sirva para salvar a vida da vítima, pode validar de algum forma o grupo jihadista e, “no caso do Estado Islâmico que ultrapassou todos os limites da violência e selvageria, trata-se de um grupo fundamentalista e terrorista que não tem nenhuma inserção de legitimidade no sistema internacional, pois não respeita nenhuma lei, tratado ou protocolo internacional”.
Já o professor Reginaldo Nasser, da Fundação Getúlio Vargas, lembra que na história sempre existiu negociações com sequestro, “nada disso é novidade, na década de 1970, grupos de esquerda na América Latina e na Europa, também sequestravam e depois negociavam”.
Nasser já considera “positiva a negociação, pois diante deste contexto, ela faz parte da política. E se eu negocio, não estou concordando, mas reconhecendo o outro como um ator político”.
Ainda, Deisy Ventura, do Instituto de Relações Internacionais da USP, atenta para a questão da caracterização de “terrorismo”: “alguns dos chamados terroristas ou extremistas de ontem tornaram-se governos de hoje em diversos países. Há também grupos que são assim caracterizados, mas na verdade nunca recorreram à violência”.
“O debate cresce em quando usamos as palavras que correspondem aos atos: sequestradores, assassinos etc. E o perdão para crimes contra a humanidade e graves violações de direitos humanos não pode ser negociado”, conclui Ventura.
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