Os diversos dramas dos cidadãos sírios – e de tantos no Oriente Médio – poderiam ser resumido a um só: fugir da morte. Um dia depois da divulgação dos 700 imigrantes mortos em naufrágios esta semana – maioria síria – na tentativa de chegar à Europa, dados publicados nesta segunda-feira (30) pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos relatam a morte de 6.340 pessoas em oito meses na Síria em decorrência dos bombardeios da aviação russa, aliada do governo de Damasco. Entre os mortos, 2.099 eram civis, sendo 500 menores de idade e 318 mulheres.
Os ataques da força aérea russa também causaram 2.270 baixas nas fileiras do grupo extremista Estado Islâmico e 1.971 entre as organizações rebeldes sírias, além da Frente Al Nusra (braço da Al Qaeda na Síria) e do Exército Islâmico do Turquemenistão.
A Rússia começou, em 30 de setembro de 2015, uma campanha de bombardeios na Síria, cuja guerra civil começou em meados de março de 2011. Tanto Moscou quanto Damasco têm afirmado que os ataques são contra organizações terroristas, mas o Observatório e opositores asseguram que os aviões russos também têm como alvo zonas residenciais e bases de brigadas opositoras, como o Exército Sírio Livre.
Naufrágios
Para escapar dos ataques aéreos, muitos sírios se juntaram a outros tantos migrantes, que tentam chegar à Europa para recomeçar a vida. Só nesta semana, pelo menos 700 migrantes morreram afogados em três naufrágios na costa da Líbia, calculou hoje o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). “A situação é caótica, não podemos ter certeza dos números, mas receamos que ao menos 700 pessoas podem ter morrido afogadas em três naufrágios essa semana”, diz o porta-voz da entidade Federico Fossi.
Cerca de 500 migrantes desapareceram depois de a embarcação de pesca na qual estavam ter naufragado na quinta-feira (26) na costa da Líbia, segundo o testemunho sobreviventes. De acordo com eles, entre os mortos estariam pelo menos 40 crianças, incluindo, bebês recém-nascidos. “Nunca saberemos o número exato [de desaparecidos], nunca saberemos a sua identidade, mas os sobreviventes disseram que morreram mais de 500 pessoas”, afirmou Carlota Sami, do Acnur, em um cometário publicado na rede social Twitter.
Na quarta-feira, ao menos 100 pessoas desapareceram na sequência de um naufrágio. Na sexta-feira (27), em ouro naufrágio, foram recuperados 45 corpos durante operação de busca e salvamento.
A porta-voz da organização de defesa dos direitos humanos Save the Children na Sicília, Gionanna Di Benedetto, disse que é impossível verificar o número de mortos, mas de acordo com relatos dos sobreviventes, cerca de 1.100 pessoas saíram de Sabratha, na Líbia, na quinta-feira, em duas embarcações de pesca e num bote.
*Com Agências
Deixe um comentário