A secretaria da reunião da Alianza Bolivariana para los Pueblos de Nuestra América (ALBA) vai divulgar nesta quarta-feira (18) a criação de um “grupo de facilitadores” – formado pelas diversas entidades de integração da América Latina – para mediar o conflito diplomático entre Estados Unidos e Venezuela, iniciado na semana passada, quando a Casa Branca divulgou um comunicado em que considera o país sul-americano um “risco extraordinário à segurança nacional” e aprovou sanções contra sete funcionários do governo local.
Entre tais entidades estão a própria Alba, a Celac e a Unasul, da qual o Brasil faz parte. O relatório diz que a ideia é “aliviar as tensões e garantir uma resolução amigável” para a situação, mas também condena a postura norte-americana contra a Venezuela, pedindo que “cesse imediamente a hostilização e a agressão ao povo e ao governo venezuelano”. “Solicitamos ao governo dos Estados Unidos retirar a ordem executiva que constitui uma ameaça à soberania da Venezuela”, diz um trecho da carta da reunião que foi lida pelo presidente do país, Nicolás Maduro.
No discurso de abertura da reunião, nesta terça-feira (17), Maduro afirmou que a Venezuela não tem intenção de atacar militarmente os Estados Unidos, principalmente pela “desproporção vergonhosa” entre os dois países. Ele afirmou que as decisões do governo norte-americano em relação ao vizinho do Sul são tentativas de “recolonização da Venezuela”. “Eles [EUA] querem impor uma ditadura econômica por meio das reservas de petróleo, que são as maiores do mundo”, afirmou.
O colega cubano, Raúl Castro, também saiu em defesa da posição venezuelana no conflito retórico. “os Estados Unidos deveriam entender de uma vez por todas que é impossível comprar Cuba e intimidar a Venezuela”, disse o presidente da ilha caribenha. É a primeira declaração pública de desagravo aos norte-americanos desde a reaproximação entre os dois países, em dezembro do ano passado. Foi a primeira vez que um líder cubano participou de uma reunião da ALBA.
O Itamaraty não se manifestou sobre a sua participação na mediação das relações entre os dois países.
A ALBA foi criada em 2004 pelo então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, com o seu então colega Fidel Castro, de Cuba, para competir com a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), da qual os Estados Unidos são os principais impulsionadores e tem como membros o México e o Canadá. Desde o surgimento da ALBA, 11 países já aderiram ao bloco, todos eles da América do Sul e Central: Antigua e Barbuda, Bolívia, Cuba, Dominica, Equador, Granada, Nicarágua, São Cristovão e Neves, Santa Lucía, São Vicente e Granadinas, Suriname e Venezuela. Outros três países são considerados observadores do grupo: Haiti, da América Central, e Irã e Síria, do Oriente Médio. Honduras saiu do grupo em 2010, dois anos após ser admitido.
Na reunião desta semana, oito países se encontraram em Caracas: Bolívia, Cuba, Equador, Nicarágua, Venezuela, Suriname, Guiana y Haiti.
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