Maria Antonieta Del Tedesco Lins
As eleições gerais realizadas no México no domingo 1º de julho definiram, além de um novo presidente, os membros das duas casas legislativas, governadores de alguns estados e o prefeito da Cidade do México. Enrique Peña Nieto, de 45 anos, foi eleito presidente pelo Partido Revolucionário Institucional (PRI). Atrás dele Andrés Manuel López Obrador, candidato do Partido da Revolução Democrática (PRD) e só em terceiro lugar a candidata governista Josefina Vázquez Mota, pelo partido Partido da Ação Nacional (PAN) 23%.
Peña Nieto teve a candidatura ‘turbinada’ pelos grandes grupos de mídia e chega ao poder muito longe de ser uma unanimidade, com a imagem já arranhada por denúncias na campanha e movimentos populares de repúdio a ele. A cena política no México é muito mais complicada do que a lista relativamente curta de presidentes nos últimos anos poderia levar a crer.
A democracia mexicana é relativamente nova. Mais jovem do que a brasileira, se considerarmos a transição de poder com a eleição de Vicente Fox, do PAN em 2000, rompendo o ciclo de mais de 70 anos de hegemonia do PRI. Mas mudanças muito profundas não aconteceram nos doze anos de administração do PAN, um partido com plataforma mais direitista do que o PRI.
O país viveu, durante a maior parte do século XX, sob um regime político muito particular, que alguns cientistas políticos denominaram “excepcional”. Enquanto muitos países latino-americanos eram assolados por instabilidade política, golpes de Estados, governos militares e crises de governabilidade, o regime político mexicano se manteve estável, dominado pelo PRI. Foram 70 anos de autoritarismo e clientelismo com efeitos na prática da política que os doze anos do PAN não conseguiram superar.
O México que Peña Nieto vai governar é hoje um país dilacerado pela violência da guerra contra o narcotráfico, que necessita de urgentes reformas em setores econômicos chave e com novos movimentos da sociedade civil se organizando e fortalecendo. Apesar de ter prospectos de maioria no legislativo – fundamental para a estabilidade do governo -, a tarefa do novo presidente não será nada fácil.
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