Perícia nega pólvora em mão de procurador argentino

Argentinos saem às ruas em protesto por morte de procurador - Reprodução/clarin.com
Argentinos saem às ruas em protesto por morte de procurador – Reprodução/clarin.com

A repentina morte do procurador federal argentino Alberto Nisman, que estava investigando a presidente Cristina Kirchner, gerou protestos em todo o país.

Nas redes sociais, internautas argentinos convocaram marchas usando o lema “Todos Somos Nisman”. 

Nesta segunda-feira (19), logo após a notícia da morte de Nisman, centenas de pessoas invadiram a Plaza de Mayo, em Buenos Aires, para protestar. Alguns manifestantes faziam barulho com panelas, enquanto outros empunhavam faixas de “Todos Somos Nisman”, em alusão à frase “Je Suis Charlie”, que ficou mundialmente famosa após o atentado contra o jornal francês Charlie Hebdo. 

Em outros locais da Argentina, como Cordoba, Rosario e Mar Del Plata, também houve protestos. Os manifestantes exigem justiça e explicações para a morte de Nisman, que foi encontrado com um tiro na cabeça dentro de seu apartamento, no bairro de Puerto Madero, em Buenos Aires. A residência estava trancada pelo lado de dentro. 

Nisman tinha acusado a presidenta Cristina Kirchner e o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Héctor Timerman, de “decidir, negociar e organizar um plano de impunidade, e acobertar os foragidos iranianos acusados” pelo atentado contra a sede da Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA), que em 1994 deixou 85 mortos.

De acordo com o magistrado, a manobra de Cristina teve início cerca de dois anos antes da assinatura do Memorando de Entendimento com Teerã, em 2013, e contou a participação de outros políticos.

Ele morreu horas antes de apresentar um documento de 300 páginas com suas denúncias ao Congresso. 

Alberto Nisman, procurador encontrado morto em Buenos Aires - Reprodução/clarin.com
Alberto Nisman, procurador encontrado morto em Buenos Aires – Reprodução/clarin.com

 

Próximo ao corpo do procurador, foi encontrada uma pistola calibre 22 que pertencia a Nisman. Na manhã desta terça-feira (20), a também procuradora Viviana Fein informou que não foram encontrados vestígios de pólvora na mão de Nisman. 

“Este não é um resultado inesperado, mas isso não descarta que ele tenha disparado a arma”, disse Fein, ao apresentar os resultados preliminares da perícia sobre suspeita de suicídio. Por sua vez, o chefe de gabinete da Presidência argentina, Jorge Capitanich, disse que as autoridades irão investigar se o procurador recebia ameaças e de onde elas partiam. 

“Se elas provinham de agentes da inteligência argentina atual, dos serviços secretos antigos ou de entidades estrangeiras”, disse Capitanich nesta terça-feira. Mas ele ressaltou que as acusações contra o governo argentino eram “incosistentes” e garantiu que a Casa Rosada “trabalhou para esclarecer os fatos” relacionados ao atentado. 

De acordo com Capitanich, talvez o procurador tivesse sido pressionado ou extorquido para apresentar a denúncia contra a presidenta, pois interrompeu de maneira intempestiva uma viagem para a Europa com sua filha para que pudesse participar do processo. 

Já  Cristina se pronunciou nesta terça sobre o episódio, em um texto publicado nas redes sociais. De acordo com ela, a polêmica com o caso tem apenas o objetivo de “desviar, mentir, esconder e confundir” as pessoas sobre os verdadeiros responsáveis. 

Cristina Kirchner, presidente da Argentina - Foto: Presidência da Argentina/Fotos Públicas (03.11.2014)
Cristina Kirchner, presidente da Argentina – Foto: Presidência da Argentina/Fotos Públicas (03.11.2014)


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