Por que hoje é o Dia Internacional do Orgulho LGBT

Foto: Leo Pinheiro / Fotos Públicas (7/6/2015)
Foto: Leo Pinheiro / Fotos Públicas (7/6/2015)

Se tiver filhos gays, os amarei. A frase faz parte de um texto que viralizou na internet há um tempo e atraiu milhares de comentários de apoio, mas também de ódio. O motivo? Ter sido escrito por um pastor protestante da Carolina do Norte, no sul dos Estados Unidos.  

Foi no país norte-americano que se originou o Dia Internacional do Orgulho LGBT. A causa é celebrada mundialmente no dia 28 de junho, depois de um episódio de resistência em Nova York, em 1969. No bar Stonewall Inn, ponto gay da cidade, os frequentadores se voltaram contra as frequentes batidas policiais às quais eram submetidos. No ano seguinte, foi organizada a primeira parada gay do mundo, para lembrar do ato.

John Pavlovitz tem 47 anos, 19 dos quais dedicados à vida de pastor. É casado e tem dois filhos. Desde 2012, ele escreve para e sobre a comunidade LGBT em seu blog. Antes disso, tratava do assunto apenas na igreja local. “Talvez porque tenham muitos gays na minha família e círculo de amigos. (…) Talvez porque, como pastor de estudantes, vi e escutei as histórias de horror de crianças cristãs gays, assumidas ou não, tentando fazer parte da igreja. Ou então porque, como um cristão, interajo com tantas pessoas que consideram a homossexualidade a coisa mais repulsiva que possam imaginar, e deixam isso claro a qualquer oportunidade”, escreveu o pastor na introdução de seu texto mais acessado, intitulado: “Se eu tiver filhos gays: quatro promessas de um pastor cristão/pai”.

No texto, o pastor diz que amaria filhos gays e héteros exatamente da mesma forma: “Não os amaria apesar da sexualidade, nem por causa dela – simplesmente os amaria”.

Segundo Pavlovitz, é cada vez maior o número de pastores que apoiam a causa LGBT, ele conheceu vários abertamente gays. É crescente também o número de fiéis homossexuais dentro da igreja. O pastor frequenta conferências mundiais como a “Gay Christian Network”, na qual compareceram 2500 gays cristãos na última edição: “Eu moro no sul dos EUA, que é muito homofóbico e hostil com relação a esse tema, então o que digo faz mais barulho aqui”. 

Devido a sua militância, Pavolvitz sofre ataques verbais constantes, o dia todo. Nunca foi hostilizado pessoalmente, no entanto. “A internet permite esse alto nível de agressividade, recebo milhares de comentários horríveis no meu blog. Mas acho que a maioria das pessoas seria mais respeitosa em uma conversa de verdade”, diz ele.

Pastor John Pavlovitz com sua família. Foto: Reprodução/Facebook
Pastor John Pavlovitz com sua família. Foto: Reprodução/Facebook

Para o pastor, é papel da igreja combater a homofobia e os discursos de ódio, em geral. Em seu blog, ele faz oposição à candidatura do republicano Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos, e condena o tratamento preconceituoso dado por ele aos mexicanos, muçulmanos, mulheres, entre outros. “Nos Estados Unidos, a igreja é o último grupo a lutar contra a homofobia. Em outras palavras, está atrasada com relação à cultura. A igreja precisa ter uma conversa franca para impedir que os gays não sejam excluídos dessa forma. Precisamos fazer com que eles e seus familiares possam ficar nas suas comunidades, sendo amados e cuidados”.

Pavlovitz teve uma educação católica rigorosa e, quando jovem, aprendeu a evitar o contato com a comunidade LGBT. Na faculdade de artes, profissão que exerceu durante 10 anos, até virar pastor, conheceu diversos gays e “se afastou da religião”: “Quando conheci gays pessoalmente e vi que eram pessoas reais, aos poucos fui percebendo que a igreja não tratava essas pessoas de uma forma que refletisse os ensinamentos de Jesus. É possível amar Jesus e ser homossexual. E é possível amar Jesus e amar os homossexuais”.

A Revista Brasileiros de junho traz como matéria de capa uma série de reportagens sobre a questão de gênero. Anos antes, a Brasileiros também produziu um vasto material sobre o assunto, dessa vez voltado para a condição do homossexual no Brasil.


Comments

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.