Presidente da Itália anuncia que deixará o cargo

Giorgio Napolitano - Foto: Reprodiução/Lifeinitaly.com
Giorgio Napolitano – Foto: Reprodução/Lifeinitaly.com

O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, confirmou hoje, dia 31, em seu discurso de final de ano, que deixará o cargo, como já era esperado.

“Estou para sair, como prevê a Constituição”, disse, acrescentando que sua reflexão “terá como destinatário também o seu novo sucessor, que logo me substituirá nas funções”.


Ele afirmou que está “no limite das minhas forças, após contribuir ao máximo com minha capacidade” Napolitano ainda afirmou que “com infinita gratidão, agradeço por tudo aquilo que recebi nos últimos nove anos de meu governo. Especialmente, por toda confiança de tantos italianos. Estarei próximo ao governo em 2015”. Sobre a escolha do sucessor, ele pediu “serenidade e responsabilidade” aos parlamentares.

Napolitano pediu ainda o combate à corrupção, como uma ação de toda a sociedade civil e política. “Não deixaremos ocupar o espaço da mídia com os italianos corruptos, mas sim com os italianos que fazem coisas boas. Como a astronauta Samantha Christofoletti, Fabrizio, o médico do Emergency que lutou pela vida”. Ele se referia à primeira astronauta italiana da história e ao médico italiano que contraiu ebola em Serra Leoa.

Ao falar da União Europeia, o presidente citou o discurso do papa Francisco em Estrasburgo, que pediu um combate à indiferença global, que o Pontífice “denuncia com tanto vigor”.

Ele ainda pediu união do bloco econômico, que trouxe “inúmeros benefícios” para os cidadãos europeus. Ele criticou os grupos terroristas, que fazem uma “selvagem perseguição de cristãos” e que atuam no Oriente Médio e na África e pediu que os italianos sejam uma “oposição” a esse tipo de comportamento. “De todos vocês podem vir um impulso para o crescimento da Itália. O caminho da UE e da Itália seremos nós que faremos. Peço senso de responsabilidade e de dever. Cada um faça sua parte da melhor maneira possível”, falou o presidente.
 
Aos 89 anos, Giorgio Napolitano é o quarto presidente da história da República Italiana a renunciar ao cargo. Esgotado devido à idade avançada e às exigências do posto, ele foi chefe de Estado durante um período de grande instabilidade no país, mas também essencial para solucionar diversas crises políticas.

Foi Napolitano o fiador dos governos Mario Monti, Enrico Letta e Matteo Renzi, todos eles formados sem a aprovação das urnas.

Pós-renúncia

Com a renúncia, o chefe do Senado, Pietro Grasso, assume interinamente a Presidência, algo não previsto na Constituição, mas admitido na prática institucional italiana. A partir do dia da oficialização da demissão, a presidente da Câmara dos Deputados, Laura Boldrini, tem até 15 dias para convocar uma sessão conjunta do Parlamento para iniciar o processo de sucessão de Napolitano.

Para se eleger, o novo presidente precisa obter ao menos dois terços dos votos do corpo eleitoral presente, que reúne 630 deputados, 315 senadores, quatro senadores vitalícios e 58 representantes regionais (três para cada região e um para o Vale d’Aosta). O número total é de 1007, mas pode variar caso alguém não compareça às sessões. Contudo, isso vale apenas para as três primeiras votações. A partir da quarta, a quantidade necessária passa a ser a maioria simples, ou seja, 504, ao invés de 671.

O problema é que, em 2013, esse mesmo Congresso foi incapaz de escolher um novo presidente após o fim do primeiro mandato de Napolitano. Dividido entre o centro-esquerdista Partido Democrático (PD) – de Matteo Renzi -, o conservador Forza Italia (FI) – de Silvio Berlusconi – e o anti-políticos Movimento 5 Estrelas (M5S) – de Beppe Grillo -, o Parlamento não conseguiu chegar a um acordo em torno de um mesmo nome.
 
Por conta disso, um amplo movimento pediu a Napolitano que assumisse o cargo novamente, algo inédito na história da Itália. Mas dessa vez não será possível recorrer a esse artifício. O recorde de demora para eleger um chefe de Estado foi registrado em 1971. Naquele ano, o Parlamento italiano precisou de 23 escrutínios e 25 dias para escolher Giovanni Leone.
 
Enquanto o novo presidente não é eleito, os trabalhos da Câmara e do Senado ficam paralisados, o que pode ser especialmente grave em um momento em que o governo tenta aprovar uma série de reformas.


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