O principal suspeito de matar o procurador-geral argentino Alberto Nisman ainda não tem data para depor na Justiça do país. O ex-agente Antonio Stiuso, que aceitou participar das investigações apenas na semana passada, deve falar com a promotora do caso, Viviana Fein, nesta semana, segundo o jornal argentino La Nacion. Ele estava intimado para prestar depoimento na quinta-feira passada, mas um acordo entre Fein e seu advogado adiou a presença dele no inquérito.
Stiuso se tornou uma das peças fundamentais da investigação sobre a morte de Alberto Nisman depois que a promotoria descobriu que ele havia conversado com o procurador por telefone no sábado à tarde, poucas horas antes de ele aparecer com um tiro na cabeça em seu apartamento, em Buenos Aires. A Casa Rosada o aponta como o culpado pela morte do procurador.
Neste domingo (8), Fein publicou um comunicado a imprensa onde afirma que Stiuso “não colocou empecilhos para prestar depoimento” e que “até que as autoridades da Secretaria de Inteligência se pronuncie, ela irá esperar para definir a data da intimação”.
Neste final de semana, quem compareceu para depor foi a ex-mulher de Nisman, a juíza federal Sandra Arroyo Salgado, que disse à imprensa após sua presença na promotoria que não vai deixar que a investigação esfrie. “Seria imprudente da minha parte falar do que vai acontecer daqui pra frente. A única coisa que eu sei é que não queremos que a investigação naufrague. Não vamos deixar isso acontecer”. Ela também criticou o excesso de informações, segundo ela, infundadas, da mídia. “Ficamos sabendo de várias medidas pelos meios de comunicação que vão acabar por esfriar a investigação. Em alguns casos se tomaram decisões que nunca fomos notificados”, afirmou. Na semana passada, Arroyo foi a primeira a dizer que não acreditava na hipótese do suicídio de Nisman.
Também neste domingo o jornal norte-americano New York Times voltou a atacar a Argentina em um artigo assinado pelo jornalista Simon Romero. No texto, o diário comparou a morte de Nisman com a do ex-presidente dos EUA, John Fitzgerald Kennedy, assassinado durante um desfile oficial em Dallas, no Texas, e também disse que o caso se tornou uma “novela negra”. “A presidenta o matou. Não, foi o chefe da inteligência argentina que conspira contra ela. Talvez realmente foi um suicídio. Ou foi o Irã? o Mossad israelense? A CIA? E o que dizer da influência dos nazistas que se refugiaram na Argentina depois da Segunda Guerra Mundial?”, questiona um trecho do artigo. Há alguns dias, a Casa Rosada criticou a postura dos Estados Unidos após um senador republicano afirmar que o país deveria entrar na investigação sobre a morte do procurador argentino. A Casa Branca não se pronunciou sobre o assunto.
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