Quartel-general da polícia em Dallas é fechado após ameaças

Policiais em Dallas fazem buscas após novas ameaças anônimas - Foto: Divulgação
Policiais em Dallas fazem buscas após novas ameaças anônimas – Foto: Divulgação

O quartel-general da polícia de Dallas, no Texas, nos Estados Unidos, foi fechado no sábado após uma ameaça anônima sobre um novo atentado. Segundo um comunicado, todo o Departamento de Polícia poderia estar sob risco e por isso os agentes estavam tomando “medidas de precaução para aumentar a segurança”. A polícia fez longas buscas por um homem suspeito de ter entrado na garagem do prédio, mas não encontrou ninguém. Também não achou nenhuma bomba no local.

Na última quinta-feira (7), Micah Johnson, 25, um reservista do exército americano, matou cinco agentes em Dallas que acompanhavam a manifestação contra a morte de cidadãos negros por policiais em Louisiana e em Minnesota. Sete outros policiais também foram baleados.

Um dos casos que motivaram a manifestação em Dallas ocorreu na terça-feira (5), quando dois policiais dispararam contra um homem negro, Alton Sterling, 37, e o mataram, enquanto tentavam detê-lo em Baton Rouge, Louisiana. Na quarta (6), um policial disparou contra um homem negro, Philando Castile, 32, ao parar seu carro em uma blitz em St. Paul, Minnesota. Ele morreu.

Após os dois incidentes, o presidente Barack Obama declarou que “há uma boa quantidade de nossos cidadãos que sentem que, por causa da cor de sua pele, não são tratados da mesma maneira, e isso fere, e deveria incomodar a todos nós”. Obama voltou a se manifestar após a morte dos policiais em Dallas: ele disse que os Estados Unidos estavam horrorizados com “um ataque perverso, calculado e desprezível contra autoridades”.

No sábado, Obama voltou a comentar o assunto. Ele declarou que “a América não está tão dividida quanto alguns sugerem”, pois “os americanos de todas as raças e origens estão justamente indignados contra os ataques indesculpáveis aos policiais”. E isso, segundo ele, “inclui os manifestantes” que protestam contra a violência policial: “Eles disseram que isso é inaceitável. Não há nenhuma divisão ali”.

A tensão racial nos EUA vem se agravando desde 2014, quando o Michael Brown, 18, suspeito de roubar um pacote de cigarros, foi morto por um oficial branco. O caso provocou enormes protestos em Ferguson, no Missouri, onde 67% da população é negra, mas 95% dos policiais eram brancos.

Na última sexta-feira foram realizados grandes protestos contra a violência policial em Nova York, Atlanta, Filadélfia e San Francisco. Em Rochester, no Estado de Nova York, 74 pessoas foram presas. Em Phoenix, no Arizona, seis pessoas ficaram feridas e três foram presas. Em Baltimore, no Estado de Maryland, quatro foram detidos após bloquearem vias públicas. Mas em Pittsburgh, na Pensilvânia, o chefe da polícia local apertou as mãos de manifestantes.

Na Califórnia, os rappers Snoop Dogg e The Game lideraram uma marcha pacífica até a sede da polícia de Los Angeles, onde se encontraram com o prefeito e com o chefe da polícia para pedir avanços na relação dos policiais com as minorias étnicas.

Em Chicago, no Estado de Illinois, membros do movimento “Black Lives Matter” se reuniram na frente da casa onde vivia o presidente Barack Obama para pedir mais ação. Na capital, Washington, algumas dezenas protestaram em frente à sede do Departamento de Justiça com velas.

A maior das manifestações de sexta ocorreu em Atlanta, onde milhares levaram cartazes pedindo justiça. Um dos organizadores do ato em Atlanta, o ator Sir Maejor, disse que condenava a violência contra os policiais, mas que entendia a frustração dos negros: “Eu tenho que ser honesto. Eu entendo por que foi feito. Eu não encorajo, eu não apoio, eu não justifico. Mas entendo”. O prefeito da cidade, Kasim Reed, afirmou que a manifestação foi pacífica. Mas dez pessoas foram detidas.

Sábado

No terceiro dia consecutivo de protestos contra a ação violenta da polícia contra os negros, milhares de manifestantes fizeram passeatas ontem (9) pelas ruas de Nova York, Washington e dezenas de outras cidades dos Estados Unidos.  Mais de 200 pessoas foram presas em todo o país.

Segundo a polícia da Louisiana, 102 manifestantes foram presos, entre eles o ativista negro e ex-candidato a prefeito de Baltimore Deray McKesson, durante protestos que duraram várias horas em Baton Rouge. Em St. Paul, em Minnesota, o porta-voz da polícia confirmou que foram detidas 100 pessoas: 50 no bloqueio de da rodovia Interestadual 94 e 50 em outros pontos da cidade. Já a polícia de Nova York disse ter prendido cerca de dez manifestantes por fechar uma importante estrada da cidade. Outros três foram presos em Chicago.

Os líderes dos movimentos pretendem continuar protestando hoje (10) e nos próximos dias. Em Nova York, centenas de manifestantes marcharam da prefeitura até a Union Square, uma área histórica importante da cidade. A multidão, que passou pela 5ª Avenida, ecoava as palavras de ordem: “Não à polícia racista” e “Sem justiça não há paz”. Em Washington, dezenas de pessoas protestaram pacificamente do lado de fora do prédio do Departamento de Justiça americano. 

A Rodovia I-94, que atravessa Minneapolis e Saint Paul, as duas principais cidades do Estado de Minnesota, foi bloqueada por manifestantes. Com a chegada da polícia, os manifestantes tiveram que desbloquear a estrada, mas atiraram pedras, garrafas e restos de material de construção civil nos policiais. Três integrantes das forças de segurança foram feridos. A polícia fez prisões, disparou balas de borracha e jogou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão.

Em São Francisco, na Califórnia, centenas de manifestantes bloquearam ruas da cidade. Eles impediram a entrada e a saída de veículos da Ponte Bay, que liga São Francisco a Oakland. A polícia da Califórnia interveio em pelo menos duas ocasiões para liberar o tráfego pela ponte.

Em Denver, capital do Estado de Colorado, manifestantes estão sentados em frente ao prédio da prefeitura ou acampadas no Parque Cívico da cidade. Eles afirmam que vão ficar lá por vários dias.

 


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