Quem que os russos estão bombardeando?

Rússia realiza ataques aéreos na Síria - Foto: Reprodução/Facebook/Ministério da Defesa da Rússia
Rússia realiza ataques aéreos na Síria – Foto: Reprodução/Facebook/Ministério da Defesa da Rússia

A Rússia confirmou nesta quinta-feira (1º) a realização de novos ataques contra posições do grupo extremista Estado Islâmico nas províncias sírias de Idleb, Hama e Homs. “A aviação russa fez quatro ataques aéreos esta noite contra posições do Estado Islâmico em território sírio”, informou o Ministério da Defesa em comunicado.

Nesses ataques, aviões Sukhoi-24 e 25 da Força Aérea russa destruíram um quartel-general de grupos terroristas e uma reserva de munições na região de Idleb, no Noroeste da Síria, uma oficina de preparação de automóveis com armadilhas, no norte de Homs, no centro do país, e um posto de comando de combatentes na área de Hama, também no centro. Todos os aviões de combate envolvidos decolaram da Base Aérea construída pela Rússia próxima ao aeroporto de Latakya, no Noroeste da Síria.

De acordo com o texto, para evitar perdas civis, os ataques “foram distantes de localidades”, com base em informações colhidas de “diferentes fontes”, no reconhecimento dos locais feito com aviões não tripulados (drones) e a partir de imagens de satélite.

Apesar da Rússia garantir que os ataques visam exclusivamente o Estado Islâmico, informações do New York Times indicam que os bombardeios também tinham como alvo coalizões rebeldes que lutam contra Bashar al-Assad, como o Exército da Conquista (Jaish Al Fatah), uma aliança de vários grupos armados, entre eles o Ahrhar Al Sham, um dos maiores grupos rebeldes, e a Frente Al Nusra, braço da Al Qaeda na Síria. Ainda segundo o jornal norte-americano, a Rússia utilizou o Estado Islâmico como pretexto para bombardear posições contrárias ao regime de Assad na Síria, incluindo grupos que possuem fortes ligações com os Estados Unidos. 

Apesar de também ser um grupo jihadista, ou seja, que acredita em uma espécie de conflito religioso entre islâmicos e outras religiões, o Exército da Conquista, segundo o New York Times, preserva algumas linhas e combatentes do Exército Livre da Síria, grupo secular de rebeldes que, apesar de enfraquecido, conta com apoio e armamento dos Estados Unidos. Contudo, é importante ressaltar que grupos como o Ahrhar Al Sham e a Frente Al Nusra não são tão diferentes do Estado Islâmico, sendo este último inclusive um grande aliado no início da guerra civil Síria. 

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos também se posicionou sobre o assunto, confirmando os ataques russos nas três províncias, mas assegurando que os locais visados não correspondem a posições do Estado Islâmico. O governo russo garante visar a posições do Estado Islâmico, mas a França e os Estados Unidos consideram que outros grupos podem ter sido visados. Segundo a Coligação Nacional Síria (oposição), pelo menos 36 civis morreram nos ataques.

Mais de 50 aviões e helicópteros de combate russos participam dos bombardeios, segundo o Ministério da Defesa. Nas últimas 24 horas, os aparelhos fizeram mais de 20 voos, concretizando 12 ataques – oito ontem e quatro na madrugada de hoje. Um Batalhão de Infantaria da Marinha foi mobilizado para a proteção da Base Aérea russa em Latakya e da Base Naval no Porto de Tartus.


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