Reino Unido deixa UE, primeiro-ministro renuncia e Parlamento Europeu convoca debate

Londres votou majoritariamente pela permanência no bloco. Perdeu - Foto: Divulgação/CVC
Londres votou majoritariamente pela permanência no bloco. Perdeu – Foto: Divulgação/CVC

O Parlamento Europeu convocou um debate para a próxima terça-feira (28) para aprovar resolução que vai avaliar o resultado do referendo britânico, que, por 51,9% dos votos, decidiu deixar o bloco após 43 anos de participação. O resultado foi divulgado nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira (24).

A taxa de participação no referendo foi de 71,8%, a maior em votações no Reino Unido desde 1992. Nigel Farage, líder do partido Ukip e defensor do Brexit, afirmou ser o “dia da independência” do Reino Unido.

Com o resultado, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou a sua demissão. Ele deve deixar o cargo em outubro. “O povo britânico votou para deixar a União Europeia, e sua vontade deve ser respeitada. A vontade do povo britânico é uma instrução que deve ser entregue. Será necessária uma liderança forte e empenhada”, disse Cameron, ressaltando que outra pessoa deve liderar o processo de transição.

A votação

A Inglaterra e País de Gales votaram fortemente a favor da saída, enquanto cidadãos da Escócia e da Irlanda do Norte optaram pela permanência no bloco. Em Londres, 60% dos votos foram pela permanência na UE. No entanto, em todas as outras regiões da Inglaterra, a maioria votou pela saída.

O Reino Unido é o primeiro país a sair da União Europeia desde a sua criação, mas a decisão não significa que ele deixará imediatamente de ser membro da UE. Esse processo pode demorar dois anos, de acordo com o Tratado de Lisboa.

Parlamento europeu

A UE deve abordar medidas para defender a zona do euro das perturbações que já se verificam, após a decisão do Reino Unido de sair da EU. “O Parlamento decidiu reunir-se às 10h [de terça-feira, 28] e aprovar uma resolução que avaliará os resultados do referendo e estabelecerá os passos futuros para as instituições da União Europeia, incluindo o próprio Parlamento Europeu”, afirmou o presidente da entidade, Martin Shulz..

Ele lembrou que os acordos entre Bruxelas e Londres estabelecem que “ambas as partes devem respeitar posições diferentes”. “O Reino Unido decidiu sair, mas os países que continuam sendo membros do bloco devem examinar como melhorar a União Europeia, como proteger os países da zona do euro nos próximos meses”, afirmou Shultz para quem a União Europeia precisa de estabilização nesta situação “preocupante”.

Após o resultado do referendo, a libra caiu para o nível mais baixo em relação ao dólar desde 1985. Em declaração hoje de manhã, Mark Carney, o governador do Banco da Inglaterra, prometeu a liquidez necessária às instituições para que a crise política que começa agora, com a saída de David Cameron, não se torne uma crise financeira. Carney garante que há 250 bilhões de libras em fundos para assegurar o funcionamento dos mercados.


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