Rússia diz que lista negra é “recíproca” às sanções europeias

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou nesta segunda-feira (1) que as sanções ocidentais contra Moscou são “absurdas e arbitrárias” e que a lista divulgada no fim de semana com 89 políticos europeus banidos da Rússia “é uma resposta baseada no princípio da reciprocidade”.

O chanceler disse que “não é nem inteligente querer explicar o quão absurda e arbitrária é esta lógica de sanção, porque se trata de uma tentativa de substituir o direito internacional com os próprios interesses políticos”.

De acordo com Lavrov, a lista entregue pela Rússia à embaixada da União Europeia (UE) em Moscou no sábado com o nome de 89 pessoas proibidas de entrar no país é “uma resposta aos passos ilegítimos e não amigáveis” tomados pelo bloco. “Não queríamos seguir esse péssimo exemplo, mas tivemos que aplicar o princípio da reciprocidade”, disse Lavrov, em uma entrevista coletiva ao lado do ministro italiano das Relações Exteriores, Paolo Gentiloni.

A imprensa europeia publicou que, entre os nomes que estão na lista, destacam-se o do ex-primeiro-ministro belga Guy Verhofstadt, e o dos eurodeputados da Bélgica, Mark Demesmaeker, e da Holanda, Hans van Baalen. Outros que estão na relação são o ex-vice-primeiro ministro britânico Nick Clegg e o filósofo francês Bernard-Henry Levy.

É a segunda declaração da Rússia contra o Ocidente em uma semana: na quinta-feira passada, o presidente Vladimir Putin rebateu todas as suspeitas de corrupção sobre a escolha da sede do Mundial de 2018. Depois, foi ao ataque e acusou Washington de “intromissão ilícita” em assuntos da Fifa.

Segundo Putin, a investigação que o Departamento de Justiça dos EUA aponta, sobretudo, para impedir uma nova reeleição de Joseph Blatter, que, de fato, continuará no cargo. O suíço já havia sido pressionado pelos norte-americanos, de acordo com o mandatário, para boicotar a candidatura da Rússia como sede da Copa do Mundo.

A situação reinstalou a lógica bipolar do pós-Guerra, com a Rússia e a Confederação Asiática de Futebol respaldando a reeleição de Blatter e o líder da Uefa pedindo para que o mandatário renuncie ao cargo e apoiando a candidatura da oposição, representada pelo príncipe jordaniano Ali Bin Al Hussein.

Nesse cenário, como era de se esperar, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, se alinhou com a postura europeia e também pediu a imediata renúncia do presidente. Quem chutou diretamente ao gol foi Putin, temeroso que o escândalo termine chegando também ao Kremlin e faça sombras sobre um Mundial que deveria marcar o fim de seu terceiro mandato e impulsionar o início do seguinte.

“A investigação dos Estados Unidos sobre dirigentes da Fifa é uma clara intenção de impedir a re-eleição de Blatter”, reclamou o presidente russo que acusou ainda os norte-americanos de impulsionar uma “última e evidente intenção para estender sua jurisdição sobre outros países”.

Porém, de qualquer maneira, a questão não deveria ter incidência sobre o Mundial da Rússia em 2018. “Se alguém se equivocou, meu país não tem nada a ver com isso. Não nos compete”, repetiu Putin. Mesmo que seu país não escape da corrupção, que se estende como uma praga não só ali, a Rússia não está disposta a renunciar ao Mundial que Putin impulsionou, originalmente, em 2009, quando a Fifa vivia outros tempos.

*Com Ansa


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