Secretário de Direitos Humanos do Acre diz que ajuda a haitianos chegou ao limite

A chegada de aproximadamente 180 haitianos à cidade peruana de Iñapari – fronteira com Assis Brasil (AC) – preocupa o governo acriano. O secretário de Justiça e Direitos Humanos do estado, Nilson Mourão, já avisou ao Ministério da Justiça que esgotaram os recursos para proporcionar ajuda humanitária a esses imigrantes, que vivem em acampamentos, caso atravessem a fronteira.

“A Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Acre chegou ao limite. Já desembolsamos aproximadamente R$ 2 milhões em ajuda humanitária aos 2,6 mil haitianos que entraram no país pelo Acre, de janeiro a abril deste ano”, enfatizou. Com um orçamento para 2012 de R$ 1,5 milhão, Mourão disse que está antecipando restos a pagar dos recursos de novembro e dezembro de 2011. Além disso, tem usado os duodécimos que recebe a cada mês para quitar dívidas com fornecedores que estão em atraso.

Ele acrescentou que, do total gasto pela secretaria, o governo federal reembolsou R$ 360 mil e 8 toneladas de alimentos – basicamente os que integram cestas básicas. Mesmo com o pagamento de aproximadamente R$ 2 milhões, o governo do Acre ainda deve a fornecedores R$ 350 mil. A estratégia para priorizar os ressarcimentos tem sido quitar as dívidas de empresas que estão em situação financeira mais difícil.

Dos haitianos acampados em Iñapari, a Polícia Federal já autorizou a entrada no Brasil de 46. Mesmo assim, disse o secretário, eles ainda não atravessaram a fronteira. Em permanente contato com o Ministério da Justiça, Mourão disse que só tem como prestar ajuda humanitária aos imigrantes, caso o governo federal assuma integralmente os gastos.

Outro problema que tem de enfrentar é o receio da população de municípios como Brasileia de serem preteridos nos atendimentos prestados pelo serviço público. Os acrianos se preocupam, especialmente, com o atendimento médico no centro de saúde local. A ajuda humanitária envolve, além de fornecimento de comida e abrigo, exames médicos e vacinação dos imigrantes.

O grupo que está na fronteira peruana começou a se formar no fim de abril, alguns dias depois de o governo brasileiro permitir o ingresso de 245 haitianos que estavam na mesma cidade havia três meses.

Segundo Altenord Roomeluf, um dos porta-vozes dos imigrantes, a situação dos haitianos em Iñapari é “desesperadora”. “Não temos mais comida, só sobraram alguns sacos de farinha”, disse à BBC Brasil.

Roomeluf, mestre de obras de 27 anos, disse que a nova leva é formada em sua maioria por haitianos que viviam na República Dominicana, país que faz fronteira com o Haiti. Eles não se enquadram, portanto, na resolução do Conselho Nacional de Imigração (CNIg) que, a partir de janeiro, passou a autorizar a emissão de 100 vistos de trabalho mensais para que haitianos residentes no Haiti se mudassem ao Brasil.

Após a resolução do CNIg, a Polícia Federal passou a barrar nas fronteiras haitianos sem visto. As medidas buscavam ordenar a migração do grupo ao Brasil.

Segundo o CNIg, desde o terremoto que arrasou o país caribenho, em 2010, cerca de 6 mil haitianos migraram para o Brasil. No início de abril, porém, o governo decidiu acolher os haitianos que estavam em trânsito quando editou a resolução. Segundo Roomeluf, os haitianos que estão em Iñapari não souberam da alteração nas regras migratórias brasileiras. “A informação não chegou à República Dominicana e nem ao interior do Haiti.”

O grupo, integrado por cerca de 25 mulheres (uma grávida) e duas crianças, tem dormido em escritórios cedidos por um empresário local. Cada cômodo é dividido por, pelo menos, 20 pessoas. Apesar das condições, Roomeluf diz que não pretende voltar. “Viemos de muito longe e aqui aguardaremos. Esperamos que o Brasil nos receba, queremos trabalhar.”

Agência Brasil


Comments

Uma resposta para “Secretário de Direitos Humanos do Acre diz que ajuda a haitianos chegou ao limite”

  1. sou do rio grande do sul como fazer para trazer alguns aitiano para trabalhar se for pocivel me retornar vejo pessoas precizando de emprego para viver e terem diginidade

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