Além do ato que retira os Estados Unidos da Parceria Transpacífico, o Tratado Transpacífico de Comércio Livre (TPP, sigla em inglês), que iria englobar 40% da economia mundial e 800 milhões de pessoas, o presidente Donald Trump assinou dois outros decretos de grande impacto doméstico.
O primeiro proíbe financiamento do governo federal para organizações não-governamentais estrangeiras que promovam ou paguem o aborto. A decisão vai no sentido contrário às demandas das milhares de mulheres que saíram às ruas contra a posse de Trump no último sábado.
O segundo congela a contratação de novos servidores nos órgãos do governo federal. Essa medida, porém, não vale para as Forças Armadas, que podem continuar contratando, se necessário.
O decreto sobre o aborto significa, na prática, que o presidente Trump revalidou uma medida da época do ex-presidente Ronald Reagan. A medida veda ajuda dos Estados Unidos a órgãos não-governamentais prestadores de serviços de saúde, que atuam em outros países, que discutam ou incluam o aborto como uma opção de planejamento familiar.
O decreto deverá ter o apoio de setores religiosos que lutam contra o aborto nos Estados Unidos.
A legislação dos Estados Unidos já proíbe o uso de dinheiro dos contribuintes americanos para serem usados em serviços de aborto em qualquer lugar, inclusive em países onde o aborto é legal. Mas o decreto assinado hoje constitui uma passo à frente, porque também congela o financiamento dos Estados Unidos aos prestadores de cuidados de saúde nos países pobres, se prestadores esses incluírem aconselhamento sobre o aborto ou defendam o aborto.
O decreto que congela novas contratações de servidores para órgãos federais atende aos anseios de setores conservadores, que estavam preocupados com a expansão dos gastos públicos. O receito desses setores era que Donald Trump perdesse o controle da inflação por causa do aumento de despesas.
As três medidas anunciadas por Trump desanuviam o clima de tensão na capital norte-americana, desde que Trump tomou posse.
Clima de campanha
O primeiro fim de semana do presidente Trump na Casa Branca repetiu o clima de campanha. Ele acusou jornalistas de mentirem sobre o número de pessoas que foram assistir sua posse. Segundo o noticiário, havia menos pessoas na posse de Trump do que nas duas posses de Barack Obama, em 2009 e 20013. A imprensa respondeu às acusações de terem mentido com evidências. Os jornais publicam fotos aéreas das posses dos dois presidentes, confirmando a afirmação de que havia realmente um menor número de assistentes na posse de Trump, inclusive em comparação ao número de pessoas que participou da Marcha das Mulheres.
A discussão sobre o tamanho do público acabou provocando um inconformismo dos próprios assessores de Trump, que perceberam que o debate estava retirando o governo do foco. Eles chegaram a confidenciar a jornalistas que o momento exigia ação e medidas concretas e não discussões sobre quem teve mais público.
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