O presidente turco, o conservador Recep Tayyip Erdogan, apelou nesta quinta-feria (19) à união de todos os países muçulmanos contra o grupo radical Estado Islâmico, para que os jihadistas não continuem a fazer atentados como os de Paris.
“Condeno sem reservas os terroristas que creem na mesma religião que eu e apelo a todos os dirigentes dos países muçulmanos que criem uma frente unida”, declarou Erdogan em discurso em Istambul, durante um fórum sobre energia.
“Se não o fizermos, aqueles que atingiram Ancara atacarão em outros locais, como fizeram em Paris”, afirmou, referindo-se aos ataques de sexta-feira (13) na capital francesa, reivindicados pela organização, que deixaram 129 mortos.
Erdogan insistiu na necessidade “de o mundo inteiro cooperar para adotar uma posição que impeça” os terroristas de “baterem em outras portas”. “Se o aumento do fanatismo na Europa não for contido, acontecerão novas calamidades”, disse.
A Turquia foi, durante muito tempo, acusada de ser complacente ou até mesmo de ajudar os grupos rebeldes que combatem o regime de Damasco.
Sob pressão de aliados e após uma série de atentados atribuídos aos jihadistas em seu território, o governo turco mudou de posição e, desde o verão, juntou-se à coligação internacional que bombardeia o Estado Islâmico na Síria e no Iraque.
Depois do atentado em Ancara, em 10 de outubro, que deixou 103 mortos, os turcos têm intensificado as operações nas áreas jihadistas.
Síria
Já o presidente sírio Bashar Al Assad declarou, na quarta-feira (18), que o seu país, devastado pela guerra, não é a “incubadora” do grupo Estado Islâmico, culpando o ocidente pela criação de organizações jihadistas.
“Posso afirmar que o Daesh (nome árabe do Estado Islâmico) não tem uma incubadora natural, uma incubadora social, na Síria”, disse o presidente, em entrevista à emissora de televisão italiana RAI.
O treinamento de jihadistas na Síria para os ataques de Paris de sexta-feira passada (13) foi feito devido ao apoio da Turquia, Arábia Saudita e do Catar “e, claro, das políticas ocidentais que apoiaram os terroristas de diferentes modos”, acrescentou.
Segundo ele, o Estado Islâmico “não começou na Síria, começou no Iraque e, antes disso, no Afeganistão”. Bashar Al Assad citou o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, que afirmou que “a guerra do Iraque ajudou a criar o Estado Islâmico”. A confissão de Blair “é a prova mais importante”, afirmou.
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