UE aprova 33 sanções contra Rússia; Kremlin critica decisão

Putin preside reunião do Conselho de Segurança da Rússia. Foto: The Presidential Press and Information Office
Putin preside reunião do Conselho de Segurança da Rússia. Foto: The Presidential Press and Information Office

O ministro das relações exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, criticou, neste sábado (26), a postura da União Europeia – que aprovou na sexta-feira, em Bruxelas, uma lista de sanções econômicas para 15 autoridades russas e ucranianas e para 18 entidades dos dois países – e também as declarações do porta-voz da Casa Branca, sede do governo dos EUA, Josh Earnest, que culpou o presidente russo, Vladimir Putin, e o Kremlin, pela queda do Boeing 777 da Malaysia Airlines, na semana passada, no leste na Ucrânia, abatido por mísseis de forças separatistas da região. Desde que a aeronave caiu, o Ocidente acusa a Rússia de fornecer armas e treinamentos aos rebeldes ucranianos.

“Julgando pela campanha de difamação incessante contra a Rússia, organizada pela administração dos Estados Unidos, eles estão sendo guiados pelas mentiras descaradas ao manter esta política externa”, disse Lavrov em comunicado divulgado pela agência de notícias russa ITAR-TASS. “Washington não cita nenhuma prova ou não faz nenhuma referência aos fatos que realmente podem ser considerados ou comentados”, diz outro trecho da nota direcionado aos EUA.

Sobre as sanções aprovadas pelos países da União Europeia nesta sexta, Lavrov também endureceu o tom. “A lista de sanções adicionais é uma prova direta de que os países da União Europeia define o rumo para a terminação completa de relações com a Rússia em quesitos de segurança internacionais e regionais, incluindo a luta contra a proliferação de armas de destruição em massa, o terrorismo, o crime organizado e outros desafios e ameaças”, disse no documento.

A sexta-feira (26) foi decisiva para o afastamento ainda maior das relações entre Rússia e os Estados Unidos e a União Europeia, aliada aos estadunidenses em grande parte das decisões sobre assuntos globais. Primeiro, o porta-voz do governo dos EUA, Josh Earnest, disse, em entrevista coletiva na Casa Branca, que “algumas armas haviam sido transportadas da Rússia para a Ucrânia e ficou nas mãos de líderes separatistas, e que esses grupos são apoiados por russos que, inclusive, os treinaram”. Earnest também afirmou que o míssil que derrubou o avião é o SA-11, de fabricação russa, conhecido como Buk, e que os ucranianos receberam este tipo de armamento da Rússia. “Então, concluimos que Vladimir Putin e os russos são culpados pela tragédia”, acusou.

Depois, os 28 países da União Europeia aprovaram sanções econômicas à Rússia após reuniões que duraram dois dias na sede do Conselho Europeu, em Bruxelas, na Bélgica. A decisão foi publicada no Jornal Oficial da União Europeia (leia clicando aqui) e incluem fechamento dos mercados da UE para os bancos russos estatais, um embargo à venda de armas para a Rússia e as restrições ao fornecimento de dupla utilização e de energia tecnologias. No entanto, as sanções não envolvem a importação de gás natural, principal produto de venda russo para os países do bloco. Entre as 15 autoridades sancionadas, estão quatro membros do Conselho de Segurança da Rússia, dirigentes do serviço de inteligência russo, membros de parlamentos locais da Ucrânia e da Rússia e até o presidente da República da Chechênia, Ramzan Kadyrov, por “dar apoio à anexação da Crimeia, em junho”. Entre as instituições, estão a chamada “República Popular de Donetsk”, na Ucrânia, entidades militares e empresas estatais, como a Kerch Ferry, que dirige a linha de trens entre a Crimeia e a Rússia.

Corpos

Ainda há problemas no transporte dos corpos das vítimas do voo MH17, da Malaysia Airlines, que caiu na região de Torez, na Ucrãnia, na quinta-feira passada (17), quando ia de Amsterdã, na Holanda, para Kuala Lumpur, na Malásia, matando 298 pessoas. No início da semana, um trem com cerca de 200 corpos chegou a Kharkiv, próximo de Donetsk, onde autoridades internacionais fariam a separação das nacionalidades. Nesta quinta (24), dois aviões militares, um holandês e outro australianos, levaram 74 corpos para Eindhoven, na Holanda, onde já estavam outros 40. Os outros permanecem estacionados no trem na cidade ucraniana, sem prazo para chegarem aos seus países. Na quinta, o primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, chegou a dizer que pode levar “semanas ou meses” para a repatriação dos corpos. A Malaysia Airlines organizou um ato religioso em Kuala Lumpur nesta sexta, na Academia Malaysia Airlines, para lembrar das vítimas do acidente. 


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