Voluntário em campo de refugiados participa de primeiro Debate!Brasileiros

Reinaldo Nascimento, voluntário que acaba de voltar de Zahko, no Iraque, onde trabalhou com crianças em campos de refugiados; Patricia Campos Mello, repórter especial de política e economia internacional do jornal Folha de S. Paulo, e Hélio Campos Mello, diretor de redação da Revista Brasileiros, participaram do primeiro Debate!Brasileiros, nesta segunda-feira (12). O evento teve transmissão live no Facebook.

Reinaldo Nascimento é voluntário da Associação Amigos da Arte de Educar. A convite da Brasileiros, ele escreveu um diário da sua experiência que você pode conferir aqui. Terapeuta social e educador físico de 38 anos, Reinaldo trabalha há cinco como voluntário, em regiões dizimadas às vezes por bombardeios pesados, às vezes por catástrofes naturais. Ele é integrante da associação alemã Freunde der Erziehungskunst Rudolf Steiner (Amigos da Arte de Educar de Rudolf Steiner), que em pouco mais de uma década reuniu cerca de 400 voluntários do mundo todo para atuarem em áreas envolvidas em crises graves, aplicando a chamada Pedagogia de Emergência, um método fundamentado nos alicerces da pedagogia Waldorf — baseada na filosofia do austríaco Rodolf Steiner, a abordagem procura integrar de maneira holística o desenvolvimento físico, espiritual, intelectual e artístico dos participantes.

Reinaldo explica: “É uma técnica desenvolvida pelo pedagogo alemão Bernd Ruf, que criou a associação em 2006. Somos educadores, terapeutas, médicos, que entram em contato com uma população que, quase sempre, perdeu tudo, passou por medos enormes. As crianças e os adolescentes ficam desnorteados, sem rumo. Os adultos também, claro. Nosso trabalho é focado em todos. As crianças e os jovens são convidados a participar de brincadeiras de roda e atividades de arte, como música, desenho, teatro e dança. Uma maneira lúdica de superar traumas, readquirir a confiança no outro e ter a possibilidade de voltar a sonhar, transformando o trauma em uma via para o crescimento individual. Para os adultos, principalmente educadores e pais, ensinamos a nossa metodologia para que o trabalho com os mais novos tenha continuidade”.

Durante duas semanas, Reinaldo mandou, com exclusividade para a Brasileiros, notícias dos campos de refugiados em Zahko. “Em dois anos, estive quatro vezes no Iraque. Na primeira, ficamos em Erbil, a capital da região do Curdistão iraquiano, que concentra grande parte do petróleo. Bombas foram lançadas a poucos metros de onde estávamos. Temos o poder de reunir duas mil pessoas em um só lugar e ficamos com medo de nos tornar um alvo fácil”, conta.

Hoje, Reinaldo é o braço brasileiro da associação alemã, recebendo voluntários que vêm ao País por meio da instituição e preparando jovens brasileiros que vão para a Alemanha. Também organiza palestras e seminários no Brasil sobre a Pedagogia de Emergência. “Nas periferias brasileiras, vivemos uma guerra não declarada”, ele diz.


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