Dos 465 atletas da delegação brasileira à Olimpíada no Rio, 145 (31%) são militares. Das 15 medalhas obtidas pelo Brasil até esta sexta-feira (19), 12 (80%) foram conquistadas por esse grupo. Esses atletas fazem parte do Programa Atletas de Alto Rendimento (PAAR) do Ministério da Defesa e recebem uma remuneração mensal em torno de R$3,2 mil, por causa da graduação, em geral de terceiro sargento.
“Eles também podem ter outras fontes de recursos. Muitos deles também recebem a bolsa atleta e não há nenhum inconveniente nisso. Outros têm patrocínios de empresas e estas coisas compõem o total da remuneração deles. Não há nenhuma proibição de que tenham outras fontes de renda”, informou o diretor do Departamento de Desporto Militar do Ministério da Defesa, almirante Paulo Zuccaro.
O almirante disse que, além deste salário, o atleta pode ter uma bolsa atleta e, ainda, patrocínio. Para o diretor, mais do que a questão salarial, para o atleta é importante a infraestrutura de que dispõe nas unidades das Forças Armadas. “Temos uma retaguarda de apoio, com serviço de assistência médica muito bom, das três Forças Armadas, e as instalações esportivas são excelentes. Temos apoio de fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogo. Toda parte de ciência do esporte está disponível para esses atletas. Não é apenas a questão salarial, mas tudo mais que a gente pode fazer por esses grandes brasileiros, por esses atletas que estão dando essa contribuição para o esforço olímpico nacional”.
Na Rio-2016, os atletas militares que ganharam medalhas foram:
- Felipe Wu – Prata – Tiro Esportivo
- Rafael Silva – Bronze – Judô
- Poliana Okimoto – Bronze – Maratona Aquática
- Rafaela Silva – Ouro – Judô
- Mayra Aguiar – Bronze – Judô
- Arthur Nory Mariano – Bronze – Ginástica artística
- Arthur Zanetti – Prata – Ginástica artística
- Thiago Braz – Ouro – Salto com Vara
- Robson Conceição – Ouro – Boxe
- Agatha Rippel e Bárbara Seixas – Prata – Vôlei de praia
- Martine Grael e Kahena Kunze – Ouro – Vela
- Alison Cerutti e Bruno Schmidt – Vôlei de praia
Como funciona o PAAR
Mas como funciona o programa que trouxe nove medalhas para o Brasil na Rio 2016 até agora? Os ministérios da Defesa e do Esporte se basearam na experiência internacional para criar seu Programa de Atletas de Alto Rendimento. Ele foi inspirado em experiências semelhantes de países como Itália, Rússia, China e Alemanha.
O programa foi iniciado em 2008 com o objetivo de tornar o Brasil mais competitivo para a 5º edição dos Jogos Mundiais Militares, que ocorreram no Rio de Janeiro de 2011. O Exército e a Marinha abriram concursos para incorporar às forças atletas civis que já tinham bom desempenho em competições reconhecidas (mais tarde a Aeronáutica entrou no programa também).
Os esportistas selecionados se tornam sargentos temporários dessas forças e recebem treinamento básico militar. Também passam a ganhar um soldo mensal, recebem equipamentos esportivos e podem treinar nas instalações das Forças Armadas ─ entre elas o Centro de Capacitação Física do Exército, na Urca, no Rio, que possui instalações especializadas para atletismo, lutas e esportes coletivos.
Além disso, eles passam a ter acesso a acompanhamento médico, psicológico, fisioterapeutas e outros profissionais relacionados fornecidos pelas Forças Armadas e pelo Comitê Olímpico Brasileiro.
O PAAR foi adotado por muitos atletas fundamentalmente por questões econômicas. Boa parte deles não tinha patrocínio para se dedicar exclusivamente ao esporte. Para garantir uma delegação competitiva na 5ª edição dos Jogos Mundiais Militares, em 2011, no Rio de Janeiro, a Marinha e o Exército incorporaram em seus quadros os atletas do Time Brasil. O resultado foi a conquista do primeiro lugar no quadro de medalhas, com 114 medalhas dentre os 111 países participantes. Quatro anos depois, nos Jogos Mundiais Militares da Coreia, o Brasil ficou em segundo lugar (atrás da Rússia).
Conforme o Ministério da Defesa, hoje 670 militares fazem parte do programa, sendo que 76 são militares de carreira e 594 temporários. “Nós hoje já somos potência militar desportiva. O Brasil divide com a China e a Rússia o lugar mais alto dos países de elevado nível no desporto militar”, disse o diretor.
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