O primeiro debate entre os presidenciáveis, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), aconteceu nesta terça-feira (14) e os candidatos enfim partiram para o “ataque”. O clima já era esperado, ainda mais que estas são as eleições mais disputadas desde 1989, com os dois candidatos em empate técnico, segundo o Ibope, o Datafolha e o VoxPopuli.
O formato do debate, com quatro blocos de perguntas e respostas entre os candidatos, favoreceu o clima tenso. Foi a primeira vez que os dois trocaram ataques frontais, com a petista citando corrupção e nepotismo para atingir o candidato tucano, que, por sua vez, fazia questão de trazer para o PSDB os méritos da criação de programas sociais, como o Bolsa Família. Dilma explorou o fato de ter vencido em Minas Gerais no primeiro turno, e do PT ter conseguido eleger Fernando Pimentel como governador. Aécio tentou retratar a atual gestão como uma de fracasso.
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No primeiro bloco, Aécio Neves tentou distanciar Dilma de Lula. Dilma, por sua vez, centrou as críticas na gestão de Aécio Neves como governador de Minas Gerais. A petista acusou o governo Aécio de desviar para outros fins mais de 7 bilhões de reais da saúde, o que ele negou, e afirmou que o estado tem o terceiro pior serviço do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) do Brasil. No segundo bloco, Aécio focou suas críticas no que enxerga como descontrole da inflação. Dilma afirmou que seu governo “manteve emprego, salário” e “continuou investindo”, ao contrário do que ocorreu no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), segundo ela. Aécio defendeu o legado do governo FHC. O tucano trouxe à tona o escândalo da Petrobras. Dilma afirmou que o PSDB, no governo, “finge investigar e não investiga” e citou diversos escândalos da era FHC, como os do Sivam, da compra de votos para reeleição, da “pasta rosa”, do “mensalão” do PSDB em Minas e do cartel de trens no metrô em São Paulo. Estes dois primeiros blocos definiram o debate.
Também pautou a discussão os nomes – ou a falta de nome – para o Ministério da Fazenda. Dilma fez críticas ao ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, principal assessor econômico de Aécio e apontado como futuro ministro da Fazenda. Ela acusou os tucanos de promover políticas econômicas recessivas para combater a inflação. Aécio citou a falta de um nome para o ministério da fazenda e afirmou que Lula teria pedido para que Fraga continuasse no cargo, quando assumiu em 2003. Nesta quarta-feira (15), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou nota repudiando a afirmação: “Nunca fiz esse convite. É lamentável um candidato falsificar fatos históricos em um debate para a Presidência da República”.
Durante o debate, Dilma Rousseff também sugeriu que os eleitores visitassem o site do Tribunal de Contas de Minas Gerais para se inteirar das acusações feitas por ela contra Aécio Neves (PSDB, ex-governador do Estado). O site, no entanto, estava fora do ar.
Os próximos debates estão marcados: O SBT transmite o debate no próximo dia 16, quinta-feira. Na Record, o debate fica para o domingo, dia 19. A Globo fará o último debate, no dia 24 de outubro, dois dias antes da votação.
Memes
Não faltaram memes para o debate. Um dos destaques nas redes sociais foi uma piada feita sobre a “paternidade do Bolsa Família”, reinvindicada pelos dois partidos. Um dos “memes” que bombaram foi a brincadeira o apresentador Ratinho, do SBT, revelando o teste de DNA para descobrir quem é o pai do programa social.
As palavras “debate” e UFC” relacionadas apareceram mais de 500 vezes no Twitter na noite em que Dilma e Aécio se enfrentaram na televisão. Dilma e Aécio tiveram seus nomes entre os termos mais citados do Trending Topics mundial do Twitter durante o debate – a petista foi mencionada 103 mil vezes na última hora do embate da Band, enquanto o tucano teve seu nome citado 102 mil vezes.
Repercussão: Financial Times, Ricardo Noblat e o cardápio da área VIP
O debate realizado pela Rede Bandeirantes na noite da última quarta-feira (14) entre os presidenciáveis também ganhou um grande destaque na imprensa internacional. O jornal britânico Financial Times destacou que a Petrobras e os seus escândalos de corrupção estiveram presentes no debate, assim como o crescimento econômico baixo no País. “Em um debate quente em que se acusaram mutuamente de estarem mentindo mentindo, o candidato de oposição Aécio Neves (PSDB) foi mais polido. Ele chegou a ameaçar “devastar” Dilma Rousseff uma ou duas vezes, mas ela reagiu de uma forma obstinada”, afirmou o jornal.
O Jornal Público, de Lisboa, afirmou que os dois candidatos decidiram ‘partir para o ataque’. E o espanhol El País apontou que tanto o tucano como a petista começaram o segundo turno acusando um ao outro de falsidade.
No Brasil, a surpresa ficou por conta da repercussão do colunista do jornal O Globo, Ricardo Noblat. Ele afirmou que Dilma venceu Aécio no debate. Segundo o jornalista, a presidenta usou contra Aécio Neves acusações de forte apelo popular: “Chamar Dilma de leviana ou de mentirosa não acrescenta votos a Aécio. Pode até soar como uma indelicadeza aos ouvidos mais sensíveis. Dizer que Aécio empregou parentes quando governou Minas Gerais é uma coisa que todo mundo entende e pode guardar na memória. Dizer que ele responde a processo por improbidade administrativa, também. Enumerar os escândalos do governo de Fernando Henrique que ficaram impunes, idem”, destaca. Após dar Dilma como vencedora do debate, Noblat, que geralmente é o primeiro blogueiro destacado na página do Globo, não apareceu na “home” (primeira página) do site.
Nos bastidores do debate, o site da BBC em português “flagou” o cardápio da área VIP: Cachorro-quente, churros…
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