O entregador de dinheiro do doleiro Alberto Youssef, Carlos Alexandre de Souza Rocha, afirmou em delação premiada que levou R$ 300 mil no segundo semestre de 2013 a um diretor da UTC Engenharia no Rio de Janeiro, que lhe disse que o valor seria entregue para o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Conhecido como Ceará, Rocha garante que conheceu Youssef em 2000 e que começou a fazer as entregas oito anos depois, sempre valores entre R$ 150 mil ou R$ 300 mil para diversos políticos.
O diretor comercial da empreiteira que recebeu o dinheiro no Rio chama-se Antonio Carlos D’Agosto Miranda e “guardava e entregava valores em dinheiro a pedido”, diz outra delação.
Em uma das entregas, que teria ocorrido entre setembro e outubro daquele ano, Rocha disse que Miranda “estava bastante ansioso” porque “não aguentava mais a pessoa” lhe “cobrando tanto”. Questionado sobre quem seria, Miranda teria respondido “Aécio Neves”, informa o jornal Folha de S.Paulo.
“E o Aécio Neves não é da oposição?”, teria dito Rocha. O diretor da UTC teria respondido, na versão do delator: “Aqui a gente dá dinheiro pra todo mundo: situação, oposição, […] todo mundo”.
O comitê da campanha presidencial do tucano em 2014 recebeu R$ 4,5 milhões da UTC em doações declaradas à Justiça. A campanha de Dilma recebeu R$ 7,5 milhões.
OUTRO LADO
Em resposta, a assessoria de Aécio Neves disse que a delação é “absurda e irresponsável”: “Trata-se de mais uma falsa denúncia com o claro objetivo de tentar constranger o PSDB, confundir a opinião pública e desviar o foco das investigações”. A assessoria lembra que Ricardo Pessoa, dono da UTC, não incluiu Aécio na lista de quem recebeu recursos da empresa no esquema da Petrobras.
“A falsidade da acusação pode ser constatada também pela total ausência de lógica: o senador não exerce influência nas empresas do governo federal com as quais a empresa atuava e não era sequer candidato à época mencionada. O senador não conhece a pessoa mencionada e de todas as eleições de que participou, a única campanha que recebeu doação eleitoral da UTC foi a de 2014, através do Comitê Financeiro do PSDB”, diz a nota.
Procurada, a UTC disse que “a acusação não tem fundamento”.
Deixe um comentário