Aldemir Bendine, presidente do BB, assumirá a Petrobras

Aldemir Bendine, novo presidente da Petrobras - Foto: Wilson Dias/ABr
Aldemir Bendine, novo presidente da Petrobras – Foto: Wilson Dias/ABr

A Petrobras confirmou nesta sexta-feira (6) que o ex-presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, de 51 anos, será o novo presidente da companhia, em substituição a Maria Graça Foster, que estava no cargo desde fevereiro de 2012 e renunciou ao cargo na quarta-feira (4). Para a escolha de Bendine pesou a vontade da presidenta Dilma Rousseff, que ainda tinha as indicações de Murilo Ferreira, presidente da Vale, por parte do ministro-chefe da Casa Civil, Aloízio Mercadante, e de Luciano Coutinho, presidente do BNDES, por parte do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Ele assumirá o cargo a partir da semana que vem.

O mercado reagiu mal a escolha de Dilma: as ações ordinárias da Petrobras na Bolsa de Valores de São Paulo caíam 6,21% às 11h40 da manhã, quando a notícia começou a circular na imprensa.

A mudança acontece 11 meses depois do início da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que escancarou a relação corruptiva de membros da diretoria da Petrobras com empreiteras que buscavam a assinatura de contratos com a empresa. Até agora, 30 pessoas foram presas e mais de 50 estão sendo investigadas pela PF.

Bendine estava na administração da Petrobras desde abril de 2009, quando foi indicado pelo então presidente Lula para o lugar de Antonio Francisco de Lima Neto. Na ocasião, sua missão era reduzir os juros e aumentar o volume de crédito no País, que passava por um bom momento econômico. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a mudança da presidência do Banco do Brasil fez o mercado reagir mal à época: as ações do banco caíram 8,15% no dia do anúncio oficial, impulsionadas pelo temor dos investidores na interferência do governo na gestão da instituição financeira.

Bendine tem uma trajetória profissional parecida com a de Maria Graça Foster: entrou no Banco do Brasil aos 15 anos, em 1978 como estagiário de uma agência em Paraguaçu Paulista, cidade onde nasceu no interior de São Paulo. Ele seria efetivado como funcionário da instituição apenas quatro anos depois, em 1982, por meio de um concurso público. Se formou em Administração de Empresas na PUC do Rio de Janeiro no mesmo ano em que assumiu como gerente de outra agência em Piracicaba, também em São Paulo. Foi o seu último cargo natural no banco antes de fazer parte dos escalões do poder, onde foi gerente-executivo da Diretoria de Varejo e secretário-executivo do Conselho Diretor, antes de assumir a vice-presidência do setor de Varejo do Banco do Brasil, em dezembro de 2006, onde ficou até 2009.

Naquele ano, Bendine recebeu uma missão do presidente Lula, irritado com os altos juros impostos por Lima Neto: aumentar o crédito ao consumo como forma de alinhar o banco com a política que o governo pretendia colocar em ritmo no País. “A redução do spread bancário, neste momento, é uma obsessão. O Guido Mantega [ministro da Fazenda] sabe disso, o Banco do Brasil e a Caixa sabem disso”, afirmou Lula. “Não há nenhuma necessidade de o spread bancário ter subido tanto no Brasil de julho pra cá. Estamos numa fase em que o Banco Central e a Fazenda estão estudando isso e obviamente que quem tem bancos públicos, como tem o Brasil, pode começar essa tarefa de reduzir as taxas de spreads bancários”, completou ele à epoca.

Em 2013, Bendine apareceu na lista anual das 60 pessoas mais poderosas do mundo na 11ª colocação. Naquele ano, a carteira de crédito do Banco do Brasil havia crescido de R$ 300 bilhões em 2009 para R$ 520 bilhões ao fim de 2012, impulsionada pelo crescimento da instituição em segmentos antes pouco explorados, como o financiamento imobiliário. No mesmo período, o total de ativos do BB subiu de R$ 700 bilhões para mais de R$ 1 trilhão. No ano passado, o banco registrou o maior lucro da sua história: R$ 12 bilhões.

Nos quase seis anos em que está na presidência do Banco do Brasil, Aldemir Bendine já passou por dois momentos delicados: no primeiro, em agosto do ano passado, ele pagou multa de R$ 122 mil à Receita Federal para se livrar de questionamentos sobre a evolução de seu patrimônio pessoal e sobre um apartamento pago com dinheiro vivo, em 2010. Bendine foi autuado por não comprovar a procedência de aproximadamente R$ 280 mil informados em sua declaração anual de ajuste do Imposto de Renda. Na avaliação da Receita, o valor de seus bens aumentou mais do que seus rendimentos declarados poderiam justificar. No segundo, em novembro, ele chegou a colocar seu cargo na presidência à disposição quando o jornal Folha de S. Paulo publicou uma reportagem em que dizia que o banco havia concedido, com a permissão dele, um empréstimo de R$ 2,7 milhões, para a apresentadora Val Marchiori. De acordo com a publicação, Val tinha restrição de crédito no banco e não teria capacidade financeira para contrair o financiamento, mas o obteve a juros de 4% ao ano, menor que a inflação. Questionado à época pelo jornal, Bendine negou participação na concessão de crédito.


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