A decisão do presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), de anular a votação da Casa que aprovou a admissibilidade do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff daria apenas um respiro ao governo. É o que defende Antônio Augusto Queiroz, analista político e diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).
Para Queiroz, a decisão de Maranhão deve ser rapidamente derrubada pelo Supremo Tribunal Federal, ao acatar mandados de segurança que serão impetrados por partidos políticos ainda hoje. Sendo assim, o governo conseguiria apenas adiar em alguns dias a votação do Senado – já que o presidente da Casa, Renan Calheiros, somente poderá fazer a leitura do relatório da Comissão Especial depois da decisão da Corte.
“O Supremo definiu o rito e ele aparentemente foi cumprido. Não haveria razão para anular a sessão se o rito estabelecido foi cumprido. Essa ação do Maranhão não tem a influência de reverter o resultado que se espera no Senado, de aprovar o impeachment. Pode adiar e acirrar ainda mais os ânimos nesse processo, mas sinceramente, não acredito que isso tenha capacidade de reverter qualquer voto ou modificar o resultado esperado”, diz Queiroz.
A cientista política Maria do Socorro Braga diz que a decisão é uma importante vitória para o governo, ao ganhar tempo para rearticular forças contra o impeachment. A pesquisadora da Ufscar defende também que a posição de Maranhão é sinal de que correntes contra o afastamento de Dilma ganham força no Congresso. Acha cedo, no entanto, para afirmar que o impeachment da petista esteja mais próximo de ser revertido.
Tanto Queiroz quanto Maria do Socorro atribuem ao governador do Maranhão, Flavio Dino, a influência sobre o deputado Waldir Maranhão, que votou contra o impeachment na sessão da Câmara, no dia 17 de abril.
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