Câmara pode selar hoje o destino político de Cunha

O deputado federal afastado Eduardo Cunha (PMDB) - Foto: Foto: José Cruz/ Agência Brasil
O deputado federal afastado Eduardo Cunha (PMDB) – Foto: Foto: José Cruz/ Agência Brasil

A sessão que definirá o futuro político do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) está marcada para esta segunda-feira (12) às 19h. A segunda-feira é tradicionalmente um dia de quórum baixo na Câmara, o que em tese facilitaria a absolvição do deputado. O Palácio do Planalto ficaria mais tranquilo se o deputado fosse inocentado, para evitar retaliações. O problema é que, depois que foi afastado, Cunha foi abandonado por boa parte de seus aliados. Outro fator que pesa contra ele é a campanha eleitoral: quem ficar a seu lado neste momento pode prejudicar muito seu partido nas eleições municipais. 

O deputado Marcos Rogério (DEM-RO), relator do processo contra Cunha, será o primeiro a falar. Em seu parecer, ele sustenta que Cunha mentiu ao negar a posse de contas no exterior, já que é proprietário de pelo menos quatro contas na Suíça (Köpek; Triumph SP, Orion SP e Netherton). Os advogados de Cunha terão 25 minutos para rebater os argumentos de Rogério. O próprio Eduardo Cunha já confirmou que estará pessoalmente na sessão e também poderá se manifestar.

Com a conclusão desta fase inicial, os deputados que forem se inscrevendo poderão falar por cinco minutos cada. Mas esta etapa da sessão pode ser interrompida a partir da fala do quarto parlamentar, se houver um acordo e a maioria em plenário decidir pelo fim da discussão. A votação é nominal e o posicionamento de cada deputado será anunciado pelo painel eletrônico. São necessários 257 votos – equivalentes à maioria dos 513 deputados – para que Cunha perca o mandato como parlamentar.

Eduardo Cunha, que foi notificado sobre a sessão na última quinta-feira (8) pelo Diário Oficial da União, deve contar com o apoio de aliados que podem apresentar questões de ordem. O peemedebista quer que, a exemplo do que ocorreu no impeachment de Dilma Rousseff no Senado, a votação seja fatiada, ou seja, que os parlamentares decidam separadamente sobre a perda do cargo e sobre a perda dos direitos políticos.

Ultimamente, Cunha vem sendo abandonado até mesmo pelos líderes do centrão, bloco parlamentar que reuniu os deputados do chamado baixo clero. Eleito deputado federal em 2002 pelo PPB, Cunha se transferiu para o PMDB ainda em 2003. Tornou-se vice-líder do partido em 2005 e, nas eleições de 2010, teria ajudado 34 deputados a obter recursos para suas campanhas. Esses deputados passaram a gravitar em torno dele até que, em fevereiro de 2013, Cunha foi eleito líder do PMDB.

Na liderança da legenda, ele articulou em sua residência a formação de um “blocão” formado por sete partidos (PMDB, PSC, PP, PROS, PTB, PR, SD e PDT), com 240 deputados. O “blocão” surgiu, segundo seus líderes, da insatisfação desses congressistas com a não liberação de verbas para emendas parlamentares por parte de Dilma Rousseff. Em fevereiro de 2015, com o apoio desses parlamentares, Cunha conseguiu ser eleito presidente da Câmara e, a partir daí, articulou o impeachment.

* Com Agência Brasil


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