Michel Temer prometeu uma equipe de notáveis, mas entregou um ministério sem mulheres e repleto de políticos investigados por corrupção, desvio de verbas e citações na Operação Lava Jato. Além disso, no primeiro dia de governo interino, extinguiu ministérios como Cultura, Direitos Humanos, Mulheres, Igualdade Racial e a Controladoria-Geral da União. Os protestos contra o peemedebista e sua equipe já começaram.
Conheça os 23 nomeados por Temer:
Eliseu Padilha (PMDB-RS) – Casa Civil – Apelidado de Eliseu Quadrilha por seus desafetos, é um dos principais articuladores de Michel Temer. Foi deputado federal, ministro dos Transportes no governo Fernando Henrique Cardoso e ministro da Aviação Civil do governo Dilma. No fim de 2014, Padilha ficou livre de um inquérito por peculato a que respondia no Supremo Tribunal Federal, por supostamente contratar uma funcionária fantasma em seu gabinete na Câmara. Padilha também foi indiciado em 2011 por crime em licitações e formação de quadrilha em um inquérito referente a supostas irregularidades em obras de infraestrutura no Rio Grande do Sul.
Romero Jucá (PMDB-PE) – Planejamento, Desenvolvimento e Gestão – Foi líder do governo Fernando Henrique Cardoso, Dilma e Lula no Senado. Seu nome está na lista de investigados da Operação Lava Jato que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Supremo Tribunal Federal em março de 2015. Jucá é investigado por formação de quadrilha no esquema de desvios da Petrobras. Também há suspeita de recebimento de propina de contratos do setor elétrico disfarçada de doação eleitoral a seu filho, que disputou o cargo de vice-governador de Roraima em 2014. Além disso, a ministra Carmem Lúcia, relatora da Operação Zelotes no Supremo Tribunal Federal, decidiu abrir um inquérito em abril deste ano para investigar a participação do senador em um esquema de venda de emendas a medidas provisórias relacionadas ao setor automotivo.
Secretaria de Governo – Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) – Geddel foi deputado federal, ministro da Integração Nacional do governo Lula e vice-presidente de Pessoa Jurídica na Caixa Econômica sob Dilma. Também está na mira da Lava Jato. Mensagens apreendidas pela Operação Lava Jato sugerem que ele usou sua influência para atuar em favor dos interesses da construtora OAS. Em 1993, foi citado no escândalo dos Anões do Orçamento, em que parlamentares foram acusados de manipular emendas com a participação de empreiteiras no desvio de verbas. Foi inocentado pela CPI dos Anões.
Fazenda – Henrique Meirelles – Foi presidente do Banco Central durante os dois governos de Lula. O ex-presidente defendia seu nome para assumir o ministério da Fazenda no governo Dilma, mas a petista optou por Joaquim Levy. Em 2004 foi aberto um inquérito contra Meirelles por sonegação, lavagem de dinheiro, crime eleitoral e remessa ilegal de dinheiro para o exterior, relativo ao período em que foi presidente mundial do BankBoston. No início de 2007, o processo foi arquivado após o próprio STF negar a quebra do sigilo de contas bancárias usadas por Meirelles.
Justiça e Cidadania – Alexandre de Moraes (PSDB-SP). É advogado e jurista. Até virar ministro, era secretário da Segurança Pública da atual gestão Alckmin. Logo antes de assumir, declarou que protestos contra o impeachment de Dilma eram “atos de guerrilha” e não manifestações. Sua gestão foi criticada por reprimir violentamente protestos, como os do Movimento Passe Livre, contra o aumento de tarifas do transporte público, e os de estudantes secundaristas, que reivindicam ensino público de qualidade. Em 2015, durante a sua gestão, a polícia paulista foi responsável por uma em cada quatro pessoas assassinadas na cidade de São Paulo, a maior taxa já registrada, segundo levantamento do SPTV. Os dados indicaram ainda que as mortes classificadas como confronto entre suspeitos e policiais militares de folga aumentaram 61%.
Relações Exteriores – José Serra (PSDB-SP). O senador foi ministro do Planejamento e da Saúde de FHC, governador de São Paulo e prefeito da capital paulista. No Senado, propôs, este ano, a revogação da participação obrigatória da Petrobras na exploração do petróleo da camada do pré-sal. A proposta foi aprovada pelos senadores e agora tramita na Câmara dos Deputados. Há poucos dias, o Supremo Tribunal Federal recebeu da Justiça de São Paulo um pedido de investigação de três ex-prefeitos suspeitos de improbidade administrativa, e um deles é Serra – os outros são Marta Suplicy (PT-SP) e o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. Além disso, o STF aceitou recurso da Procuradoria-Geral da República em março deste ano e autorizou a retomada de duas ações de reparação de danos por improbidade administrativa contra Serra relativas ao período em que foi ministro de FHC. As ações questionam a assistência financeira no valor de R$ 2,97 bilhões do Banco Central aos bancos Econômico e Bamerindus, em 1994, dentro do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer), que socorreu bancos em dificuldades. No ano passado, o Conselho Superior do Ministério Público do Estado homologou o arquivamento de investigação sobre suposta omissão de Serra no combate ao cartel metroferroviário que vem desde o governo Mario Covas, e que, segundo estimativas do Ministério Público, pode ter dado prejuízos de mais de R$ 800 milhões aos cofres públicos.
Cidades – Bruno Araújo (PSDB-PE) – Foi o deputado que deu o voto 342 – número que garantia a vitória do impeachment na Câmara – na votação do impeachment de Dilma na Câmara. Seu nome é um dos citados na lista da Odebrecht apreendida pela Polícia Federal na sede da construtora, em março, durante a 23ª fase da Lava Jato.
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações – Gilberto Kassab (PSD-SP) – Foi ministro de Cidades de Dilma até o afastamento da presidenta. É um dos três ex-prefeitos de São Paulo na lista encaminhada ao STF pela Justiça de SP com uma investigação de improbidade administrativa. Além disso, no ano passado, a Justiça de São Paulo tornou Kassab réu em uma ação de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público. Kassab é responsabilizado por irregularidades na Feira da Madrugada, no Pari, em São Paulo, onde haveria um esquema de propina para que os comerciantes obtivessem estandes.
Transportes, Portos e Aviação Civil – Mauricio Quintella (PR-AL) – Era líder do PR até a votação do impeachment na Câmara dos Deputados. Ele renunciou ao cargo para poder votar a favor do afastamento da presidenta. Em 2014, o deputado alagoano foi condenado pela Justiça Federal, ao lado de outras nove pessoas, a ressarcir R$ 133,6 milhões à União pela participação em esquema de desvio de recursos da merenda escolar em Alagoas.
Saúde – Ricardo Barros (PP-PA) – Já foi eleito deputado federal cinco vezes e foi secretário da Indústria e Comércio do Estado do Paraná, além de prefeito de Maringá (PR). Ele também foi o relator do Orçamento de 2016 na Câmara e chegou a propor um corte de R$ 10 bilhões no Bolsa Família. Propôs também aumentar de R$ 311 milhões para R$ 600 milhões a verba pública destinada aos partidos políticos. Foi condenado por dispensa de licitação e fraude na venda de maquinários públicos em 1991, período em que ele era prefeito de Maringá.
Agricultura, Pecuária e Abastecimento – senador Blairo Maggi (PP-MT) – É um dos maiores produtores de soja do mundo. Acusado de desmatar deliberadamente a Amazônia, em 2006 ganhou o Troféu Motossera de Ouro, do Greenpeace. Maggi foi relator de uma Proposta de Emenda Constitucional que retira a exigência de licenciamento ambiental para a realização de obras: o texto diz que nenhuma obra poderá ser suspensa ou cancelada se o próprio empreendedor apresentar um Estudo de Impacto Ambiental.
Educação e Cultura – Mendonça Filho (DEM-PE) – Seu nome é um dos citados na lista da Odebrecht apreendida pela Polícia Federal na sede da construtora, em março, durante a 23ª fase da Lava Jato. Como deputado federal, Mendonça Filho foi o autor da emenda da reeleição em 1997, permitindo que o então presidente Fernando Henrique Cardoso conquistasse o segundo mandato.
Turismo – Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) – Ministro do Turismo do governo Dilma, Alves volta à pasta menos de dois meses depois de deixar o cargo. Citado na Lava Jato, o peemedebista é suspeito de receber propina do dono da OAS, Léo Pinheiro, em troca de favores no Legislativo.
Desenvolvimento Social e Agrário – Osmar Terra (PMDB-RS) – É deputado federal. Durante audiência pública na Câmara dos Deputados em setembro do ano passado, o parlamentar disse que as drogas são o pior problema de saúde e de segurança do Brasil. “A droga é responsável pela maior parte das mortes violentas e é a maior responsável pela morte de jovens no país. É uma epidemia de grande escala, que afeta todas as áreas da sociedade”, afirmou na ocasião.
Defesa – Raul Jungmann (PPS-PE) O deputado federal é um dos citados na lista da Odebrecht apreendida pela Polícia Federal na sede da construtora, em março, durante a 23ª fase da Lava Jato. Chegou a ser investigado por fraude em licitação, peculato e corrupção em contratos de publicidade da época em que foi ministro do Desenvolvimento Agrário, entre 1998 e 2001. A Justiça Federal arquivou o inquérito. Extremamente crítico ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Jungmann foi o articulador das questões fundiárias durante os governos FHC e chefiou o Incra, o Ministério Extraordinário de Política Fundiária e depois o Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Gabinete de Segurança Institucional – Sérgio Etchegoyen – É general da ativa do exército. Em 2014, chamou o relatório da Comissão Nacional da Verdade de “leviano”, por ter o nome do pai, general Leo Guedes Etchegoyen, morto em 2003, incluído na lista de 377 agentes do Estado considerados responsáveis por crimes na época da ditadura.
Esporte – Leonardo Picciani (PMDB-RJ) – Foi um dos últimos peemedebistas que se manteve fiel ao governo Dilma até o final e votou contra o impeachment. O deputado federal é herdeiro mais velho de um dos mais tradicionais sobrenomes da política fluminense. Em 2012, a Procuradoria Regional Eleitoral do Rio de Janeiro instaurou investigação para apurar se o então secretário estadual de Habitação, Leonardo Picciani, e o seu irmão, Rafael Picciani, cometeram crime eleitoral no registro de suas candidaturas em 2010.
Meio Ambiente – José Sarney Filho (PV-MA) – Filho de José Sarney, começou sua carreira política no partido Arena e foi ministro do Meio Ambiente durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Em 2009, foi um dos investigados pelo Ministério Público por usar passagens aéreas para voar ao exterior com a mulher e o filho.
Trabalho – Ronaldo Nogueira de Oliveira (PTB-RS) – É deputado federal e pastor da Assembleia de Deus. Apresentou em 2011 um projeto de lei para que as faltas de trabalhadores domésticos fossem descontadas do período de férias.
Fiscalização, Transparência e Controle (antiga Controladoria-Geral da União) – Fabiano Augusto Martins Silveira – É consultor legislativo do Senado Federal para as áreas de direito penal, processual penal e penitenciário, desde 2002. Está no segundo mandato como conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), onde também já ocupou a função de ouvidor-geral. Foi membro da comissão redatora do anteprojeto de reforma do Código do Processo Penal e atuou como conselheiro do Conselho Nacional do Ministério Público de 2011 a 2013.
Indústria e Comércio – Marcos Pereira (PRB-ES) – É presidente nacional do PRB e evangélico. A partir de 1995, foi diretor administrativo e financeiro da TV Record do Rio de Janeiro, onde permaneceu até o final de 1999, quando assumiu a Rede Mulher de Televisão. Em 2003, tornou-se vice-presidente da Rede Record de Televisão.
Minas e Energias – Fernando Coelho (PSB-PE) – Foi eleito três vezes deputado federal pelo PSB. Desde 2007, era líder do partido na Câmara.
Integração Nacional – Helder Barbalho (PMDB-PA) – É filho do senador Jader Barbalho e da deputada federal Elcione Therezinha Zahluth. Em 2014, candidatou-se ao governo do Pará pela primeira vez, mas perdeu para Simão Jatene (PSDB). Barbalho é investigado por improbidade administrativa na Justiça Federal do Pará.
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