A presidenta da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro (CEV-Rio) e ex-coordenadora da Comissão Nacional da Verdade (CNV), Rosa Cardoso, criticou nesta terça-feira pedidos de impeachment da presidenta Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. Segundo ela, o pleito desvia o foco de lutas mais amplas pela democracia.
“Dentro da Câmara especificamente, mais que no Congresso, tem havido uma dedicação a uma questão ilegítima que é o impeachment. Como não tem fundamentação pertinente, isso tem desviado lutas por questões mais amplas da democracia”, disse Rosa.
A presidenta da CEV-Rio informou que dificuldades na governabilidade “têm perturbado o avanço da luta por Justiça”. De acordo com Rosa Cardoso, isso é visível. “Nessa crise de governabilidade, fica difícil o Executivo se ocupar da constituição desse órgão de seguimento da Comissão Nacional, que daria continuidade às pesquisas, às investigações e a uma divulgação mais ampla desses resultados.”
Entre as 29 recomendações do relatório final da Comissão Nacional da Verdade, apresentadas em dezembro do ano passado, está a criação de um órgão permanente para dar seguimento às ações e recomendações da comissão.
A Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro realiza hoje e amanhã o Seminário Construindo a Verdade: Pesquisas sobre a Ditadura de 64. As pesquisas são financiadas pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e servirão de subsídio para o relatório final da comissão, que deve ser entregue em dezembro deste ano.
Segundo Rosa, as pesquisas tornam o relatório mais informado e consistente e trazem as universidades para auxiliar o trabalho da comissão. Para a presidente da comissão, abordando temas como racismo, homofobia e repressão nas favelas do Rio de Janeiro as pesquisas tornam o relatório mais abrangente:
“São permanências do regime autoritário. Embora algumas questões fossem precedentes, durante a ditadura os preconceitos se tornaram mais visíveis e foram demonstrados de forma mais violenta”, afirmou Rosa. Ele esclareceu que, de um ponto de vista mais geral, sempre se falou na ditadura como confronto entre a população ou luta armada de extração estudantil que se opôs ao regime com armas na mão. “O que os relatórios revelam é que essa oposição, essa insurgência contra o regime, foi muito mais ampla.”
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