Ao contrário dos senadores do bloco da oposição brasileira, que tiveram dificuldades para entrar em Caracas, capital da Venezuela, na semana passada, uma nova comitiva de parlamentares voltou ao Brasil nesta sexta-feira (26) após se reunir com as esposas e as mães de opositores do governo de Nicolás Maduro, com o governador do estado de Miranda, Henrique Caprilles, derrotado nas eleições presidenciais de 2013, e de visitar a Assembleia Nacional, onde se encontraram com o presidente do parlamento venezuelano, Diosdado Cabello, aliado do governo.
“Nós não fomos lá para dar opinião política a grupos. Viemos para informar o Senado sobre as opiniões da oposição e da situação. Conversamos com todas as tendências e agora vamos expor nossas conclusões na tribuna do Senado”, disse à Brasileiros na manhã desta sexta-feira (26) o senador Roberto Requião. “Não somos black blocs para influir no processo venezuelano. Essa viagem foi para ouvir”, completou.
“Acho que os senadores que foram à Venezuela não conseguiram trazer nenhuma resposta ao Senado. Eles voltaram para o aeroporto. Nosso propósito foi, ao contrário, viajar desarmados, para conhecer uma realidade diferente”, defendeu Telmário Motta. “O histórico da Venezuela é democrático e, fora isso, é um país parceiro do Brasil. É importante que a gente conseguiu ouvir lá o que ouvimos sempre aqui”, completou.
A comitiva foi formada pelos senadores Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Roberto Requião (PMDB-PR), Lindbergh Farias (PT-RJ) e Telmário Mota (PDT-RR), que também salientou o fato de representar o estado de Roraima, vizinho da Venezuela, na viagem. Na semana que vem, quando retornam as sessões no Congresso Nacional, os parlamentares devem divulgar um relatório da visita e pronunciarem discursos sobre a viagem no plenário.
Segundo o jornal venezuelano El Universal, os parlamentares brasileiros convidaram os familiares de vítimas dos incidentes registrados no ano passado em protestos pelas ruas do país para que assistam sessões do Senado do Brasil e exponham seus pontos de vista no parlamento brasileiro. De acordo com o governo, 43 pessoas moreram em 2014 durante conflitos entre oposicionistas e situacionistas.
Os senadores da comitiva foram escoltados pelo Serviço de Inteligência venezuelano e chegaram a andar por algumas ruas de Caracas. No final da quinta-feira, eles ainda se encontraram com a ministra de Relações Exteriores, Delcy Rodrigues.
Leopoldo López
O dirigente do partido Voluntad Popular (VP) e principal oposicionista do governo Nicolás Maduro, que está preso nas cercanias de Caracas, publicou mensagens por meio de sua esposa, Lilian Tintori, nas redes sociais, em que afirma que o anúncio das datas de eleições parlamentares no país – que serão em dezembro – e a liberação de possíveis políticos detentos é uma “vitória de toda a sociedade democrática que não descansará na defesa dos seus direitos”. Ele ainda lembrou que existem 70 presos políticos atualmente na Venezela e que muitos deles enfrentam problemas de saúde.
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