Cunha dizia que tinha mais de 200 deputados para sustentar, afirma lobista

O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB) -  Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados
O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB) – Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

O lobista Júlio Camargo, ex-consultor da Toyo Setal e ex-representante da Samsung, confirmou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal que, em 2011, foi pressionado e extorquido pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) a pagar propina de US$ 5 milhões. “Para justificar a cobrança dos valores, ele (Eduardo Cunha) disse que tinha uma bancada de mais de 200 deputados para sustentar”, afirmou o delator.

O depoimento de Júlio Camargo ocorreu nesta segunda-feira (8) na 6.ª Vara Criminal Federal da Justiça Federal em São Paulo diante do próprio Eduardo Cunha, segundo o jornal O Estado de S.Paulo. O ex-presidente da Câmara dos Deputados foi denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele é acusado de receber ao menos US$ 5 milhões de propina referentes  à contratação de um estaleiro para a construção de dois navios-sonda para a Petrobras.

Segundo o jornal, a presença do ex-presidente da Câmara não intimidou Júlio Camargo: frente a frente com o acusado, o delator reiterou os detalhes da extorsão. No início da audiência, a defesa do peemedebista requereu a suspensão do ato. O juiz Paulo Marcos de Farias, instrutor do Supremo, indeferiu o pedido do ex-presidente da Câmara. Camargo disse ainda que está fazendo delação premiada nos Estados Unidos.

O depoimento durou cinco horas e 30 minutos. A defesa de Cunha inquiriu o empresário por quatro horas; o Ministério Público, por uma hora e 30 minutos. Em seu relato, Júlio Camargo manteve as informações sobre as propinas para Eduardo Cunha. O ex-presidente da Câmara nega ter recebido qualquer valor.


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