O tempo de Eduardo Cunha passou.
Foi poderoso enquanto o impeachment estava sob seu controle.
Quando o deflagrou perdeu o controle sobre ele.
E o poder.
Venceu, mas foi uma vitória de Pirro.
O impeachment foi sua glória e sua desgraça.
Agora ficou inútil.
Agora é um estorvo.
É acuado pelos procuradores da Lava Jato. Cobram 100 milhões dele e de sua mulher. Ameaçam com suspensão dos direitos políticos.
Seus colegas ameaçam com sua cassação.
O que era um contra todos virou todos contra um.
O PMDB prefere escondê-lo debaixo do tapete porque ele ao mesmo tempo que ficou inútil é, também uma ameaça.
Ele detém todos os segredos do impeachment.
É um perigo para muitos e também para ele.
O impeachment não foi apenas um processo político e jurídico, mas também financeiro?
Quanto custou?
Muitas suspeitas recaíram sobre votos. Eleitores teriam sido recompensados monetariamente como foram aqueles que aprovaram a reeleição de Fernando Henrique?
Quantos? Quem pagou? Quanto?
Na atual fase as negociações parecem ter sequência. Foi ventilado que o senador Hélio José teria exigido dez cargos para votar a favor de Temer. Está nos jornais.
Será ele uma exceção?
Somente uma CPI do impeachment poderia responder a tantas interrogações.
Cunha é o homem que sabe demais.
E quem sabe demais pode ser alvo dos que dependem do seu silêncio.
Ele tem potencial para – se revelar o que sabe – levar com ele, na queda, uma tropa de deputados, senadores e ministros.
E até – quem sabe? – o governo provisório.
Dúvidas permanecem no horizonte. Talvez para sempre.
Cunha foi abandonado. O impeachment não depende mais dele.
A bola agora está com Renan.
E Renan nunca foi Cunha.
Nem quer ser confundido com Cunha.
Quem vai trair quem?
Quem vai apunhalar?
Quem vai ser apunhalado?
Falta um Shakespeare para escrever o final desse enredo imprevisível.
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