De um lado, Erundina; de outro, Rosso, Mansur, Rodrigo Maia…

Luiza Erundina e Rogério Rosso - Foto: Montagem
Luiza Erundina e Rogério Rosso – Foto: Montagem

A Câmara dos Deputados marcou para esta quarta-feira (13) a eleição do novo presidente da Casa em substituição ao deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que renunciou ao cargo na semana passada. Será uma nova oportunidade para avaliar se o Brasil de fato mudou depois que a presidenta Dilma Rousseff foi afastada do cargo para que Michel Temer assumisse.

Até o fechamento deste texto, 14 parlamentares haviam se inscrito para a votação prevista para as 16h. Surpreende o perfil dos candidatos: de um lado, nomes do centrão (velhos aliados de Cunha), Rodrigo Maia, representando DEM e PSDB, seu aliado histórico, e um candidato do PMDB, Marcelo Castro (PI), que desagradou Temer por ter sido ministro de Dilma e votado contra o impeachment; de outro, Luiza Erundina (PSOL).

Depois de desistir de apoiar Rodrigo Maia porque não quer votar “em quem apoiou o golpe”, o PT vem sendo procurado pelo PSOL para votar em Erundina, um antigo quadro da legenda. Independentemente de quem o partido da presidenta vai votar, a escolha de hoje será histórica: poderá simbolizar as mudanças que o Parlamento precisa para retomar a credibilidade depois que Cunha e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), correram o risco de acabarem presos a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no âmbito da Operação Lava Jato.

O que vai emergir do painel eletrônico, no entanto, deve confirmar o que muitos já sabem: o processo que apeou Dilma temporariamente do poder não tinha qualquer motivação moralizadora, mas política. Poucos apostam na vitória de Erundina, apoiada apenas pela pequena ala progressista da Câmara.

Com 80 anos, a ex-prefeita de São Paulo é reconhecida pela ética. A única condenação judicial de sua vida foi em 2010, quando precisou recorrer a uma vaquinha para quitar uma dívida de R$ 352 mil. Naquele ano, a Justiça executou uma ação antiga que obrigava a penhora de seu apartamento de 80 metros quadrados e dois carros usados, seus únicos bens.

O Judiciário entendeu que a então prefeita de São Paulo usou dinheiro público irregularmente ao distribuir um comunicado oficial sobre a greve geral de 1989. Nele, a prefeitura informava os motivos pelos quais os ônibus da empresa pública não circulariam naqueles 14 e 15 de março.

E qual será o perfil dos favoritos na disputa contra ela? Alguns são acusados de crimes que vão desde improbidade administrativa à cárcere privado. Principal nome do centrão, Rogério Rosso (PSD-DF) é investigado no Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal e foi indiciado por corrupção eleitoral. Ele disse ao jornal O Estado de S.Paulo que já esclareceu tudo.

Seu principal adversário, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é alvo de um pedido de inquérito na Operação Lava Jato por aparecer em mensagens de Léo Pinheiro, da construtora OAS. Suspeito de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, ele disse que “já está tudo explicado”.

Fernando Giacobo (PR-PR) respondeu a duas ações penais no STF (sequestro e cárcere privado, formação de quadrilha, falsidade ideológica e crime contra a ordem tributária), mas os crimes prescreveram antes do julgamento. Giacobo disse que é totalmente inocente.

Beto Mansur (PRB-SP) foi condenado pelo Tribunal Superior do Trabalho por dano moral coletivo a pagar R$ 200 mil a trabalhadores submetidos à condição análoga à escravidão, em Goiás. Ele responde a uma ação penal que corre no STF. Também responde no Supremo por crime de responsabilidade quando foi prefeito de Santos (SP). Na Justiça de São Paulo, já foi condenado por improbidade administrativa. Mansur disse que está ganhando todas as ações em que seu nome aparece.

Fausto Pinato (PP-SP) é réu em ação penal no Supremo por falso testemunho contra um suposto inimigo de seu pai. O deputado afirma que o processo foi motivado por ofensas proferidas contra seu pai. “Acusaram-me de ter levado as duas testemunhas até o meu progenitor, o qual as utilizou como base para a ação cível e penal. O próprio promotor solicitou o seu arquivamento”, disse.

Ter Erundina no comando da Câmara seria a prova cabal de que o Brasil mudou. O PSOL sabe das dificuldades dessa candidatura, mas sai vencedor mesmo que perca: O lançamento de Erundina aconteceu depois de um dia inteiro de militantes do PSOL pedindo a candidatura de Jean Wyllys pela internet.

Mas o partido preferiu entregar a candidatura à Erundina, uma parlamentar que em breve fundará seu próprio partido, mas que vai representar o PSOL na campanha municipal de São Paulo: em terceiro lugar de acordo com a última pesquisa do Instituto Datafolha, ela terá um palanque para todo o Brasil neste histórico 13 de julho.


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