A defesa do tesoureiro afastado do PT, João Vaccari Neto, disse nesta quinta-feira (16) que a prisão de seu cliente é injusta. Segundo o advogado Luiz Flávio D’urso, o decreto de prisão foi fundamentado com base em depoimentos de delatores, sem apresentação de provas. Vaccari foi preso na quarta (15) na 12ª fase da Operação Lava Jato.
Em nota, o advogado negou que Vaccari tenha pedido que depósitos fossem feitos para uma gráfica ligada ao PT e que a movimentação bancária da esposa e da filha do tesoureiro tem origem lícita. Segundo D’urso, o investigado colaborou com a Justiça e não há motivos para mantê-lo preso.
“Vaccari repudia as referencias feitas por criminosos delatores a seu respeito, pois as mesmas não correspondem à verdade. Ele não recebeu ou solicitou qualquer contribuição de origem ilícita destinada ao PT e todas as doações ocorreram por via bancária com transparência e com a devida prestação de contas às autoridades transparentes”, diz a nota.
A prisão de Vaccari foi determinada pelo juiz federal Sérgio Moro. No entendimento do magistrado, Vaccari deve ficar preso preventivamente por causa do seu poder de influência e pela possibilidade de atrapalhar as investigações. Para Sérgio Moro, o afastamento voluntário do partido não é suficiente.
Além dos depoimentos de delação premiada do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, a prisão de Vaccari foi fundamentada em informações prestadas por Augusto Mendonça, diretor da empresa SOG Óleo e Gás, que também delatou o esquema.
Para Mendonça, os pagamentos de propina de sua empresa ocorriam por meio de contato direto com o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e Barusco. Eram remessas de dinheiro a contas indicadas por eles no exterior e doações oficiais ao PT, intermediadas por Vaccari.
De acordo com o delator, o tesoureiro pediu que pagamentos fossem feitos à Editora Gráfica Atitude, sediada em São Paulo. Segundo Mendonça, o tesoureiro informou que os valores eram destinados à publicação de “propagandas em revistas pertencentes à editora” nos anos de 2010, 2011 e 2013.
No depoimento, o diretor da SOG Óleo e Gás afirmou que acredita ter pago R$ 2,5 milhões em contribuições mensais durante o período.
Para Sérgio Moro, a solicitação de repasses para a gráfica pode ser explicada conforme levantamento do Ministério Público Federal (MPF), no qual o órgão aponta ligação entre a empresa e o PT.
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