Delações premiadas derrubam pena de delatores de 283 para 7 anos

Nestor Cerveró: pena de 17,3 anos caiu para 1 ano e meio em prisão domiciliar - Foto: EBC
Nestor Cerveró: pena de 17,3 anos caiu para 1 ano e meio em prisão domiciliar – Foto: EBC

Aclamada por parte da imprensa como a investigação que vai moralizar o Brasil, a Operação Lava Jato acabou conhecida por suas delações premiadas: quando suspeitos decidem abrir o bico e contar tudo o que sabe sobre outros suspeitos. O acordo para dedo-duro já trouxe muitos benefícios, especialmente a quem delatou: somadas, suas penas caíram de 283 para 7 anos.

Treze delatores da Lava Jato receberam condenação de 283 anos e 9 meses de cadeia, mas os acordos judiciais baseados em delação derrubaram essas penas para exatos 6 anos e 11 meses de reclusão. Augusto Mendonça e Julio Camargo, por exemplo, receberam penas de mais de 40 anos, mas vão cumprir nove anos em regime aberto, sem nem tornozeleira eletrônica.

Nestor Cerveró viu sua pena cair de 17 anos e três meses para 1 ano e meio em prisão domiciliar. Dalton Avancini ia ficar 15 anos na cadeia, mas ficará 1 ano em prisão domiciliar e outros 2 em regime semiaberto.

O juiz do caso, Sérgio Moro, defende as ações. Diz que os cerca de 40 acordos de delação ajudaram a identificar 179 suspeitos, 80 das quais já condenadas a penas que somam 783 anos em regime fechado. “Isso sem mencionar as outras centenas de pessoas que estão sob investigação”, afirmou à Folha de S.Paulo, responsável pelo levantamento.

Quem critica, no entanto, diz que a sensação que fica é de impunidade. “O direito está situado no plano  da ética, porém o instituto da colaboração premiada, na sua concepção pragmática, incentivaria a traição”, acredita Gustavo Justino de Oliveira, professor da USP.


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