A presidenta Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer dedicaram as últimas horas antes da votação do processo de impeachment a receber parlamentares e políticos aliados. Dilma se reuniu no Palácio do Planalto com deputados do Piauí e o governador do Estado, Wellington Dias (PT). Dentre os parlamentares piauienses que se declararam contrários ao impeachment está o ex-ministro Marcelo Castro (PMDB), que deixou o cargo para votar contra o afastamento.
No fim da tarde, o ex-governador do Ceará Cid Gomes seguiu para o Palácio da Alvorada: “Vai ser uma luta até a última hora. Não tem nada decidido. Quem tiver cantando vitória antes do tempo, pode queimar a língua”, afirmou.
“No final das contas as pessoas vão perceber que o que está em jogo é uma disputa entre um partido e outro, para boa parte das questões”, disse Cid: “Acho que o Brasil precisa de muitas mudanças, mas o que a gente tem que defender é um valor democrático. Mandato é uma coisa consagrada pela população”.
Os compromissos políticos levaram Dilma a desistir de participar de um ato de apoio com movimentos sociais em Brasília. O ex-presidente Lula representou a presidente na manifestação.
Além de ter se reunido com alguns governadores nos últimos dias, em busca de angariar apoio de bancadas estaduais, Dilma escalou ministros para participar de conversas diretas com parlamentares, como nos dois almoços oferecidos por aliados nesse sábado.
O governo calcula que pelo menos dez deputados faltarão à votação. Para aprovar o processo de impeachment são necessários 342 votos favoráveis. Isso significa que aqueles que são contra o processo precisam de 172 votos, que podem incluir abstenções ou mesmo ausências.
Palácio do Jaburu
Enquanto Dilma permanecia no Planalto, o vice-presidente Michel Temer passou o sábado (16) recebendo aliados no Palácio do Jaburu, sua residência oficial, para conversar com aliados.
Contrariando a previsão de que ficaria em São Paulo até segunda-feira (18) sem agenda pública, Temer retornou à capital federal ainda pela manhã. O deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) negou que o vice tenha voltado a Brasília para tentar reverter votos contrários ao impeachment.
O presidente em exercício do PMDB, senador Romero Jucá (RR), criticou os deputados que, para beneficiar o governo, planejam ausentar-se da sessão: “Essas pessoas que se esconderem e não vierem votar estarão abrindo mão da representatividade que lhes deu a população”.
Após a presidenta divulgar, nas redes sociais, um vídeo em que critica indiretamente Temer e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o vice-presidente repetiu que manterá os programas sociais caso substitua Dilma.
* Com Agência Brasil
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