Em um poderoso discurso na manhã desta quinta-feira (17), a presidenta Dilma Rousseff empossou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ministro da Casa Civil. Sem meias palavras, se referiu aos grampos telefônicos envolvendo conversas suas com Lula de tentativa de “golpe”, apresentou o documento que derrubaria a tese do juiz Sergio Moro, da Lava Jato, de que a presidenta tentou interferir nas investigações da Polícia Federal e arrancou aplausos do público quando disse que “metódos escusos violam os princípios e garantias constitucionais, os direitos dos cidadãos e abre precedente gravissimos. Os golpes começam assim.”
Confira os principais trechos do discurso:
“A Justiça, o combate à corrupção é sempre mais digno quando respeita os princípios constitucionais. A Justiça será tão mais forte e digna de respeito quanto mais seus agentes agirem com retidão e serem impessoais.”
“O funcionamento da Justiça deve estar centrado na produção de provas sem ceder sua preponderância a outros instrumentos. […] Afinal, não há Justiça quando delações são tornadas públicas de forma seletiva para execração de alguns investigados e quando depoimentos são transformados em fatos espetaculares. Não há Justiça quando leis são desrespeitadas e a Constituição aviltada. Não há Justiça quando as garantias Constitucionais da presidência são violadas”, afirmou em relação aos grampos telefônicos tornados públicos na quarta-feira pelo juiz Sergio Moro.
“O Brasil não pode se tornar submisso a uma configuração que invade as garantias constitucionais da República. Não porque a presidenta seja diferente, mas porque se ferem as prerrogativas da presidenta, o que farão com os demais cidadãos?
“Ontem [a fala] do ex-presidente Lula [no grampo] foi desvirtuada. […] Ocultaram que o que eu fui buscar no aeroporto foi essa assinatura [mostrando o documento] que está assinado pelo presidente Lula e não tem a minha. Isso não é a posse. A posse ocorreria aqui. Por algum problema ele teria um problema para vir aqui, mas veio hoje para manifestar sua determinação de participar do governo. Repudio total e integralmente a todas as versões contra esse fato. Esse documento foi distribuído ontem para a imprensa quando percebemos que era disso que se tratava. Vamos avaliar com precisão as condições desse grampo que envolve a Presidência da República. Quem autorizou, por que autorizou e por que foi divulgado quando ele não continha nada, nada, eu repito, que possa levantar qualquer suspeita sobre seu caráter republicano.”
“Interpretação desvirtuada, processos equivocados. Investigações baseadas em grampos ilegais não favorecem a democracia neste País. Quando isso acontece, fica nítida a tentativa de ultrapassar a tentativa de cruzar a fronteira do Estado Democrático de Direito com a do o Estado de Exceção. Nós estamos diante de um fato grave, uma agressão à cidadania, à democracia e à nossa Consitituição.”
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