Assim que acabou a sessão de votação na Câmara dos Deputados, o ministro-chefe da Advocacia Geral da União, José Eduardo Cardozo, que fez toda a defesa da presidenta Dilma Rousseff, deu uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto. “Foi com indignação e tristeza que nós recebemos esta decisão no dia de hoje, tomada pela maioria dos senhores deputados. Explico o porquê dessa indignação e dessa tristeza. Os dois fatos sobre os quais versam a denúncia de impeachment, ou seja, os seis decretos de suplementação de 2015 e a questão do atraso no pagamento ao Banco do Brasil, feito pelo governo central, apenas relativamente ao Plano Safra, nunca foram discutidos em profundidade”, declarou.
Cardozo afirmou ainda que, apesar de a Câmara ter autorizado o prosseguimento do processo de impeachment, a petista não pretende renunciar ao mandato nem “fraquejar”. “Uma pessoa que acredita na luta vai até o fim desta luta para escrever na história que ela não se acovardou e que brigou pelo que acredita. Se ela é vítima hoje de uma ação orquestrada, cabe a ela lutar com suas forças para demonstrar à sociedade que não se abre mão da democracia que foi tão duramente conquistada”, disse o ministro.
De acordo com ele, se engana quem imagina que Dilma “se curvará” diante do resultado da votação. “Ela lutará com todos aqueles que querem a manutenção do Estado de Direito.” Disse ainda que a decisão foi política e que o País vive em regime presidencialista, e não parlamentarista. De acordo com o ministro, a presidenta vai se pronunciar sobre o resultado da votação na Câmara hoje, 18.
O ministro Jacques Wagner, chefe do gabinete pessoal da presidenta, também se manifestou. Soltou uma nota lamentando o resultado que, segundo ele, foi um retrocesso e uma página triste baseada em argumentos frágeis e sem sustentação jurídica. Ele voltou a dizer que o impeachment foi orquestrado pela oposição que – na avaliação do ministro – não aceitou o resultado das últimas eleições. Jaques Wagner disse ainda que espera que, a partir de agora, a presidenta Dilma possa se defender no Senado e seja aplicada a justiça.
Para o presidente do PSDB, senador Aécio Neves, a decisão da Câmara foi uma “vitória da democracia”. Ele se manifestou em sua página no Facebook. “Essa vitória é, em primeiro lugar, do povo brasileiro, de todos os que foram às ruas para colocar limites em um governo que perdeu todos os limites. E também é uma vitória da democracia. Porque o impeachment está previsto na nossa Constituição exatamente para que o povo possa se defender dos governos que não respeitam a lei”, escreveu o senador. Aécio foi derrotado pela presidenta Dilma Rousseff no segundo turno das eleições presidenciais de 2014.