A sessão solene para debater os 50 anos do golpe militar de 1964, no plenário da Câmara nesta terça-feira (1º), foi marcada por tumulto e bate-boca. “A voz que louva a ditadura calou a cidadania”. Esta era a frase presente nos cartazes, que incluíam fotografias de desaparecidos políticos, dos deputados que se manifestaram contra o Jair Bolsonaro (PP-RJ) e sua homenagem para os 50 anos do golpe. O deputado pretendia fazer seu discurso, de 17 minutos, mas a grande maioria do plenário virou de costas para o orador, cantando o Hino Nacional, o chamando de ditador. Assista ao vídeo.
Antes disso, Bolsonaro criou confusão ao abrir em plenário uma faixa enorme, de 20 metros, com os dizeres: “Parabéns militares, graça a vocês o Brasil não é Cuba”.
O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) explicou o ocorrido nas redes sociais: “Ele (Bolsonaro) podia falar e não falou porque não quis. O plenário apenas lhe deu as costas. O fascista tem o direito de discursar. Mas é um direito do plenário ouvir qualquer discurso de deputado na posição que quiser.” A deputada Luiza Erundina (PSB-SP) afirmou: “O requerimento que apresentamos para lembrar os 50 anos do golpe de forma alguma pretendia valorizar a ditadura. A Casa foi leniente e omissa ao permitir que esse elemento [Bolsonaro] discursasse. O que queremos é completar o processo de redemocratização , que só será possível quando a Lei da Anistia for revista”.
Presidenta – Vítima da ditadura, a presidenta Dilma Rousseff falou ontem (31) dos 50 anos do golpe militar de 64: “O dia de hoje exige que lembremos e contemos o que aconteceu. Devemos isso a todos que morreram e desapareceram, aos torturados e perseguidos, a suas famílias, a todos os brasileiros. Lembrar e contar faz parte de um processo muito humano, desse processo que iniciamos com as lutas do povo brasileiro, pela anistia, Constituinte, eleições diretas, crescimento com inclusão social, Comissão Nacional da Verdade, todos os processos de manifestação e democracia que temos vivido ao longo das últimas décadas. Um processo que foi construído passo a passo, durante cada um dos governos eleitos depois da ditadura”.
USP – Na Faculdade de Direito do Largo São Francisco (FDUSP), no 31 de março, o professor Eduardo Botelho Gualazzi tentou prestar uma homenagem aos golpistas com a leitura de uma carta chamada “Ode ao Golpe Militar de 64”. Porém, foi impedido por uma manifestação de estudantes, que fizeram performance representando a violência do regime. Os estudantes repetiam: “Podem me prender, podem me bater, podem até deixar-me sem comer… que eu não mudo de opinião”. Confira abaixo o depoimento de um estudante da FDUSP sobre o episódio, divulgado hoje (1o) nas redes sociais, e assista ao vídeo.
Escracho em Brasília – Integrantes de movimentos sociais protestam com faixas, cartazes e pichações em frente à casa do coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra.
Mashup de críticas – O cartunista Laerte repercutiu a data, com ilustração que faz referência à cultura da violência. Na semana passada, o Ipea divulgou pesquisa explicitando a cultura patriarcal que culpabiliza a vítima. Discursos de ódio convergentes.
Enquanto isso – as redes sociais relembram o apoio da imprensa ao golpe.
Semana do presidente – Em sua página pessoal, nosso editor lembra do apoio dado ao regime militar por Silvio Santos
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