A maior parte da antiga base governista no Senado abandonou a presidenta Dilma Rousseff. Até agora, 50 senadores já declararam à imprensa que vão votar o favor do afastamento de Dilma. Desses 50, pelo menos 27 integram partidos que antes davam sustentação ao seu governo no Congresso Nacional.
Nesta terça-feira (10), a presidenta Dilma chegou a dizer, em um discurso, que já estava cansada de tantos traidores: “Quero dizer a vocês que não estou cansada de lutar. Estou cansada dos desleais e dos traidores. Tenho certeza que o Brasil também está cansado dos desleais e traidores, e é esse cansaço que impulsiona a minha luta cada dia mais”.
Dentre os senadores que anunciaram apoio ao golpe, quatro foram seus ministros. O caso mais surpreendente é o da senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), que ocupou o Ministério da Cultura de setembro de 2012 até novembro de 2014, quando rompeu com Dilma. No ano passado, ela deixou o PT e aderiu ao PMDB para, segundo ela, livrar o país da corrupção. Na sua cerimônia de filiação, Marta elogiou o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), hoje afastado do mandato pelo Supremo Tribunal Federal, classificando-o de um “líder focado e determinado”.
Outro desertor é Garibaldi Alves Filho (PMDB), que foi ministro da Previdência Social durante todo o primeiro mandato de Dilma. Agora, declarou apoio ao impeachment alegando o governo teria atentado contra as leis orçamentárias. Também abandonaram Dilma o senador Fernando Bezerra (PSB), ministro da Integração Nacional de 2011 a 2013, e Marcelo Crivella (PRB), titular da pasta da Pesca até 2014.
O senador Romero Jucá (PMDB), hoje o principal articulador político do vice-presidente Michel Temer, foi líder de Dilma no Senado até 2012. Outro peemedebista, Valdir Raupp (PMDB), assinou um manifesto em favor de Dilma em setembro do ano passado.
Outro antigo defensor de Dilma era o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que até o início do ano manteve seu apoio à presidenta, mas que agora passou a defender o impeachment. Blairo Maggi (PR-MT), que também integrava a base aliada, já anunciou inclusive que será o ministro da Agricultura de Temer, no lugar de Kátia Abreu.
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