Em gravação, Renan defende mudança na lei das delações e diz que Aécio “está com medo”

Renan Calheiros (centro) trata queda de Dilma, critica delações e cita Aécio Neves (à direita) - Foto:  Antonio Cruz/Agência Brasil
Renan Calheiros (centro) trata queda de Dilma, critica delações e cita Aécio Neves (à direita) – Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Depois da divulgação de um áudio que derrubou o senador Romero Jucá (PMDB-RR) do Ministério do Planejamento por prometer frear a Operação Lava Jato, outro áudio gravado pelo mesmo autor do grampo, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, compromete o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que defende uma mudança na lei que regulamenta as delações premiadas – a base de investigação da Lava Jato –, trata da queda da presidenta Dilma Rousseff e diz que o senador mineiro e presidente do PSDB, Aécio Neves, o procurou porque estava “com medo” da operação da Polícia Federal.

Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, que teve acesso à gravação, Renan sugeriu que a lei da delação premiada proibisse que presos pudessem delatar “porque aí você regulamenta a delação e estabelece isso”, disse. Depois dessa mudança, ele procuraria o STF (Supremo Tribunal Federal) para negociar o que chama de “transição” de Dilma, que poderia ser por um “semiparlamentarismo” ou sua derrubada. “Até se não dá em nada, dá no impeachment”, disse a Machado.

Ainda nas gravações, Renan confidencia que todos os políticos “estão com medo” e que Aécio chegou a pedir ajuda. “Aécio está com medo. [Me procurou dizendo] ‘Renan, queria que você visse para mim esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma conta’”, contou, em referência a Delcídio do Amaral, senador cassado e delator no processo que chegou a citar o tucano em algumas ocasiões.

“Não escapa ninguém, nenhum partido”, disse Machado à afirmação de Renan de que uma delação de alguém da empreiteira Odebrecht deveria “mostrar as contas” da campanha eleitoral do PT.

Renan também cita o Grupo Folha e o Grupo Globo, que estariam fazendo uma cobertura parcial. Otavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha, teria admitido “exageros” na cobertura, enquanto João Roberto Marinho, da Globo, falou em “efeito manada” contra o governo Dilma.

Outro lado

“O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) tem por hábito receber todos aqueles que o procuram. Nas conversas que mantém, habitualmente, defende com frequência pontos de vista e impressões sobre o quadro. Todos os pontos de vista, evidentemente, dentro da Lei e da Constituição Federal. As opiniões do senador, sempre, foram publicamente noticiadas pelos veículos de comunicação, como as críticas ao ex-presidente da Câmara dos Deputados, a possibilidade de alterar a lei de delações para, por exemplo, agravar as penas de delações não confirmadas e as notícias sobre delações de empreiteiras, todas foram, fartamente, veiculadas. A defesa pública de uma solução parlamentarista também foi registrada em vários artigos e colunas e o próprio STF pautou o julgamento do tema. O Senado, inclusive, pediu sua retirada da pauta. Em relação ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), o senador Renan Calheiros se desculpa porque se expressou inadequadamente. Ele se referia a um contato do senador mineiro que expressava indignação – e não medo – com a citação do ex-senador Delcídio do Amaral. Os diálogos não revelam, não indicam, nem sugerem qualquer menção ou tentativa de interferir na Lava Jato ou soluções anômalas. E não seria o caso porque nada vai interferir nas investigações.”


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