Diversas personalidades assinaram manifesto, publicado na sexta-feira (20), em defesa da presidenta Dilma Rousseff.
O texto atenta para o fato de que a Operação Lava Jato “desencadeou um processo político que coloca em risco conquistas da própria democracia”, condenando o uso de informações parciais e preliminares do Judiciário, da Polícia Federal e do Ministério Público pela mídia e por parlamentares que buscam desgastar a imagem da presidenta Dilma e da Petrobras.
A nota também responde às declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que se isentou, na sexta-feira (20), de envolvimento no escândalo de corrupção da Petrobras (iniciado no governo do PSDB) além de ter criticado a presidenta pelas declarações dadas no mesmo dia, em que ela disse que o caso só foi descoberto porque as investigações da Polícia Federal melhoraram após a chegada do PT ao poder.
Sabe-se que a crise da Petrobras, com seus desvios financeiros, teve início na época em que Fernando Henrique Cardoso (PSDB) comandava o País. Os próprios investigados falam dessa época e de contratos de longos anos baseados em propinas.
O que se vê neste momento, é uma ação, sem causa, para desestabilizar a presidenta, que se ocupa em resolver a questão, mas precisa aguardar investigações e fatos concretos que levem a punições – o que será feito pela Justiça, não por Dilma.
Toda manifestação é permitida, e o governo federal respeita isso, mas é preciso responsabilidade. Não é possível que grupos saiam às ruas pedindo o impeachment da presidenta apenas por pedir. Se houver razões para retirá-la do comando de nosso País, que seja feito, mas neste momento há apenas atos levianos que podem, sim, levar o Brasil a uma derrocada.
Leia abaixo o manifesto na íntegra:
Manifesto: O QUE ESTÁ EM JOGO AGORA
A chamada Operação Lava Jato, a partir da apuração de malfeitos na Petrobras, desencadeou um processo político que coloca em risco conquistas da nossa soberania e a própria democracia.
Com efeito, há uma campanha para esvaziar a Petrobras, a única das grandes empresas de petróleo a ter reservas e produção continuamente aumentadas. Além disso, vem a proposta de entregar o pré-sal às empresas estrangeiras, restabelecendo o regime de concessão, alterado pelo atual regime de partilha, que dá à Petrobras o monopólio do conhecimento da exploração e produção de petróleo em águas ultraprofundas. Essa situação tem lhe valido a conquista dos principais prêmios em congressos internacionais.
Está à vista de todos a voracidade com que interesses geopolíticos dominantes buscam o controle do petróleo no mundo, inclusive através de intervenções militares. Entre nós, esses interesses parecem encontrar eco em uma certa mídia a eles subserviente e em parlamentares com eles alinhados. Debilitada a Petrobras, âncora do nosso desenvolvimento científico, tecnológico e industrial, serão dizimadas empresas aqui instaladas, responsáveis por mais de 500.000 empregos qualificados, remetendo-nos uma vez mais a uma condição subalterna e colonial.
Por outro lado, esses mesmos setores estimulam o desgaste do Governo legitimamente eleito, com vista a abreviar o seu mandato. Para tanto, não hesitam em atropelar o Estado de Direito democrático, ao usarem, com estardalhaço, informações parciais e preliminares do Judiciário, da Polícia Federal, do Ministério Público e da própria mídia, na busca de uma comoção nacional que lhes permita alcançar seus objetivos, antinacionais e antidemocráticos.
O Brasil viveu, em 1964, uma experiência da mesma natureza. Custou-nos um longo período de trevas e de arbítrio. Trata-se agora de evitar sua repetição. Conclamamos as forças vivas da Nação a cerrarem fileiras, em uma ampla aliança nacional, acima de interesses partidários ou ideológicos, em torno da democracia e da Petrobras, o nosso principal símbolo de soberania.
20 de fevereiro de 2015
Alberto Passos Guimarães Filho
Aldo Arantes
Ana Maria Costa
Ana Tereza Pereira
Cândido Mendes
Carlos Medeiros
Carlos Moura
Claudius Ceccon
Celso Amorim
Celso Pinto de Melo
D. Demetrio Valentini
Emir Sader
Ennio Candotti
Fabio Konder Comparato
Franklin Martins
Jether Ramalho
José Noronha
Ivone Gebara
João Pedro Stédile
José Jofilly
José Luiz Fiori
José Paulo Sepúlveda Pertence
Ladislau Dowbor
Leonardo Boff
Ligia Bahia
Lucia Ribeiro
Luiz Alberto Gomez de Souza
Luiz Pinguelli Rosa
Magali do Nascimento Cunha
Marcelo Timotheo da Costa
Marco Antonio Raupp
Maria Clara Bingemer
Maria da Conceição Tavares
Maria Helena Arrochelas
Maria José Sousa dos Santos
Marilena Chauí
Marilene Correa
Otavio Alves Velho
Paulo José
Reinaldo Guimarães
Ricardo Bielschowsky
Roberto Amaral
Samuel Pinheiro Guimarães
Sergio Mascarenhas
Sergio Rezende
Silvio Tendler
Sonia Fleury
Waldir Pires
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