A candidata do PSOL à Prefeitura de São Paulo, a deputada federal Luiza Erundina, criticou os planos de privatizações e concessões de equipamentos públicos, classificando as propostas de João Doria (PSDB) como parte de uma “sanha privatista”. Na última quarta-feira (27), ela participou de uma sabatina promovida pela Folha de S.Paulo, pelo UOL e pelo SBT. “É bom perguntar para esse candidato [Doria] se ele pretende privatizar a cadeira de prefeito também”, disse Erundina.
Para a ex-prefeita de São Paulo (1989-1992), se a administração precisa de mais dinheiro, pode recorrer a opções melhores do que as concessões, como auditar a dívida da cidade, cobrar impostos atrasados e reduzir a sonegação fiscal. “A verdade é que não se tem coragem de cobrar os grandes devedores, há uma conivência do poder público em todas as esferas”, disse a candidata do PSOL.
Erundina também criticou o prefeito Fernando Haddad (PT), que anunciou neste mês um edital para construção e concessão de uma arena multiuso no Anhembi. “O prefeito Haddad está concedendo tudo o que é serviço público, daqui a pouco a Prefeitura vai virar só uma arrecadadora de impostos”, afirmou.
Ela defendeu ainda o aumento de impostos sobre herança e propriedade dos mais ricos, argumentando que “quem tem mais, tem que contribuir mais”. A candidata também afirmou que, se for eleita, vai rever o modelo de concessão do serviço de ônibus elaborado pela gestão Haddad. Erundina afirmou que a licitação, que tem validade prevista de 20 anos, é falha porque engessa a administração da cidade e deixa a fiscalização dos serviços na mão das próprias empresas privadas que os executam.
“Essa licitação não pode perseverar porque destoa de toda uma política que existe no mundo sobre como se estabelecer contratos de prestação de serviço. A dinâmica de uma cidade não comporta um contrato congelado por 20 anos. Na Inglaterra, por exemplo, essas concessões têm duração de cinco anos e a cada ano 20% do serviço é licitado.”
Na sua sabatina, Haddad afirmou que, por conta da proximidade das eleições, não assinará a licitação, no valor de R$ 140 bilhões – a tarefa caberá ao próximo prefeito.
Erundina prometeu manter os programas de governos anteriores que são aprovados pela população, como os CEUs da gestão Marta Suplicy –”uma proposta interessante, mas que tem um padrão que não é seguido pelo resto da rede municipal”– e as ciclovias de Haddad –”que devem ser ampliadas e planejadas”. Mas se negou a dizer se apoiaria o petista em um eventual segundo turno para “unir a esquerda”. “Que esquerda? O PT fez tantas concessões que não pode dizer que é de esquerda, se é que já foi um dia”, declarou, fazendo a ressalva de que o partido tem “pessoas de esquerda”.
Erundina trocou o PSB pelo PSOL no começo deste ano, mas também articula a criação de um novo partido, o Raiz. Questionada, ela negou que esteja usando o PSOL como “trampolim” para se eleger enquanto não consegue as assinaturas para fundar sua própria sigla. “Eu não fui para o PSOL para ser candidata, foi por afinidade ideológica –me identifico com a atuação de sua bancada, pequena, mas aguerrida. [A candidatura] aconteceu porque houve uma pressão dos movimentos sociais e do próprio partido”.
A ex-petista admitiu que há um número exagerado de partidos no país, mas disse que o maior problema é a proliferação daqueles “que não representam nada” e se disse contrária à adoção de regras para limitar o número de siglas. “Sou contra cláusula de barreira, quem faz a barreira é o eleitor.”
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