Durante participação no programa ‘Diálogos’, do jornalista Mario Sergio Conti, na GloboNews, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso comparou o governo de Michel Temer a uma “pinguela”, mas disse que vem se esforçando para contribuir com o governo federal para que Temer possa terminar seu mandato.
A comparação foi feita após Conti questionar se FHC aceitaria se apresentar ao Congresso com candidato a presidente se Temer cair em 2017. “O governo atual é uma pinguela, nesse caso você está considerando que a pinguela caiu, mas eu prefiro acreditar que isso não vá acontecer. Faço todo esforço para que não haja a queda do Temer”. E complementou: “Mas se a pinguela cair, o Congresso terá de convocar eleições diretas. Porque é difícil governar nessa situação de escolha indireta pelo Congresso, sem o respaldo popular”.
O afastamento deTemer é um cenário que ganha cada vez mais força. Além da possibilidade de cassação da chapa encabeçada pela ex-presidenta Dilma Rousseff pelo Tribunal Superior Eleitoral, um pedido de impeachment de Temer foi protocolado pelo PSOL no fim de novembro, acusando o peemedebista de ter atuado para pressionar o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero para a liberação de uma obra de interesse pessoal do ex-ministro Geddel Vieira Lima.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o PSDB considera a possibilidade de Temer não terminar o mandato, também em razão de denúncias que possam surgir com a delação da Odebrecht e do cenário econômico apresentar pioras consecutivas. O nome do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é tido como opção em eventual eleição indireta pelo Congresso, o que aconteceria caso o afastamento de Temer venha a acontecer a partir do ano que vem.
A presidente cassada Dilma Rousseff disse, em encontro com mulheres da CUT (Central Única dos Trabalhadores), existir a tentativa de “um golpe dentro do golpe” e defendeu a realização de eleições diretas para presidente, segundo o jornal O Estado de S. Paulo. É também a opinião de Ciro Gomes, pré-candidato à Presidência. Para ele, eleições indiretas são “o golpe dentro do golpe e a barbárie”, e dois nomes já estão sendo lançados: Nelson Jobim, ex-ministro da Defesa, e FHC. O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa também vê riscos do governo Temer não chegar ao fim. Em entrevista à Folha, ele diz que “É tão artificial essa situação criada pelo impeachment que eu acho, sinceramente, que esse governo não resistiria a uma série de grandes manifestações”.
FHC ressaltou que Temer não foi escolhido de forma indireta e criticou a postura da força-tarefa da Lava Jato, que na última quarta-feira ameaçou pedir demissão se Temer não vetar a versão desfigurada pelo Congresso das ‘Dez Medidas Contra a Corrupção’. “Assim não pode, dizer que não brinca mais está errado. Isso é gravíssimo, mostra a crise institucional entre os Poderes”, afirmou ele.
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