O escritor Olavo de Carvalho, um dos expoentes do pensamento de direita no Brasil, declarou no Facebook que o impeachment da presidenta Dilma Rousseff não passou de uma manobra para salvar a classe política. Em sua página, Olavo criticou asperamente o jornalista Reinaldo Azevedo e os líderes do MBL, Kim Kataguiri e Renan Santos.
“Entendem agora por que eu sempre disse que o problema não era a Dilma, não era sequer ‘o PT’, mas toda a classe política, o estamento burocrático? Entendem por que o impeachment, conduzido como foi, acabou não passando de uma manobra para a salvação da classe política, tendo a seu serviço dúzias de Kims que não compreendem nada, e de Azevedos que compreendem e gostam?”
Olavo começou a criticar os líderes da coalizão favorável ao impeachment logo após a divulgação da conversa do senador Romero Jucá em que este revelou que o objetivo do movimento era deter a Operação Lava Jato: “Eis aqui [o link para a gravação da conversa de Jucá] a prova de que o impeachment, amputado de todo o combate anticomunista, foi criado para defender a classe política apenas. Não o Brasil. Kims e Janaína Paschoais jamais compreenderão a que serviram. Mas Reinaldo Azevedo compreende – e gosta”.
E acrescentou: “Os melhores líderes do movimento pró-impeachment sabiam disso desde o começo. O ingresso de Bicudos e Reales na área só serviu para fortalecer a hegemonia em troca da remoção da Dilma, uma migalha jogada aos cãezinhos. Quanto de esforço mental certos fulanos ainda precisarão fazer para entender que o projeto Jucá FOI realizado, que nisso consistiu o impeachment e nisso consiste, ao menos em parte, o governo Temer?”
As críticas de Olavo ao impeachment irritaram o blogueiro Reinaldo Azevedo, da revista Veja, que sugeriu que o escritor estaria sendo financiado pela esquerda: “Quem paga Olavo de Carvalho para ele atacar expoentes da tese pró-impeachment?”
Após a reação de Azevedo, Olavo reafirmou sua tese de que tudo não passou de um golpe para defender a classe política. Ele negou também que defenda a volta da ditadura militar: “Entendem por que o Brasil precisa urgentemente de um período de democracia plebiscitária onde o povo, diretamente, tome todas as decisões, e aos poucos vá criando novas instituições aptas a servi-lo em vez de servir-se dele? Sei que esta é uma proposta revolucionária, tão temível para os Azevedos e similares, que eles fogem de falar nela e, para escondê-la sob o tapete, têm de fingir que tenho uma proposta simetricamente oposta, a velha ‘ditadura militar’, mais manobrável no seu discurso. Entendem por que é mais fácil discutir com um Olavo de Carvalho imaginário do que com o de carne e osso?”
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