Debates políticos tendem sempre a trazer surpresas. No debate “A Direita, a Esquerda e a Terceira Margem dos Rios”, promovido pelo Instituto Norberto Bobbio e pelo Espaço Cultural Tapera Taperá em São Paulo, uma das surpresas foi a apresentação do cientista político Fernando Guimarães, coordenador do Movimento do PSDB Esquerda Pra Valer. Trata-se, de acordo com Guimarães, de um grupo que atua mais nas instâncias internas do partido, defendendo inclusive o Passe Livre e o fim da Polícia Militar.
A inserção do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) como agremiação de esquerda acabou permeando diversos momentos do debate, envolvendo até bem-humoradas provocações por parte da advogada Isa Penna, pré-candidata do PSOL à vereadora de São Paulo. Ao diplomata Rômulo Neves, filiado à Rede Sustentabilidade, que perguntou como o tucano lida com as decisões da cúpula do PSDB de apoiar políticas conservadoras, Guimarães citou, entre outros pontos, conquistas sociais do governo FHC.
Mais tarde, o cientista político voltou ao tema: “No senso comum da sociedade brasileira hoje, ser de esquerda é ser petista. Isso recai uma pressão sobre muitas pessoas que, por ignorância, acham que o PSDB é de direita porque faz o enfrentamento com o PT”. Entre os debatedores, não havia nenhum representante do PT. Além dos já citados, integraram a mesa do debate, no sábado 21 de maio, Alana Moraes, do Coletivo Arrua; Renato Ribeiro, do Raiz Movimento Cidadanista; e Cristian Lohbaeuer, do Partido Novo.
Em momento de crise política, os temas não se restringiram às tendências ideológicas. Também estiveram em discussão o papel do Estado, a distribuição de renda, a reforma da Previdência, a dívida pública e, é claro, o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Nesse último ponto, a voz divergente foi a de Lohbaeuer, do Partido Novo, que é a favor do afastamento. Mas, como ressaltou o mediador César Barreira, do Instituto Norberto Bobbio, logo no começo do encontro, a ideia era mesmo problematizar a relação direita versus esquerda, não tratar “como se uma determinada visão da direita ou da esquerda pudesse se tornar hegemônica por si só”.
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