Intelectuais refletem sobre a crise política no livro “Por que Gritamos Golpe?”

Uma das 27 charges de Laerte Coutinho publicadas na obra – Foto: Reprodução
Uma das 27 charges de Laerte Coutinho publicadas na obra – Foto: Reprodução

“Proibido visitar nossa cozinha”, alerta a sobreposição de cartazes na charge de Laerte Coutinho, em relação ao governo interino de Michel Temer. A ilustração integra o livro Por que Gritamos Golpe? Para Entender o Impeachment e a Crise Política no Brasil, da Boitempo Editorial, cujo lançamento, nesta sexta-feira 15 de julho, envolve um ato pela democracia em um dos mais tradicionais espaços de manifestação política de São Paulo, a Quadra dos Bancários, no centro da cidade.

Por que Gritamos Golpe? é o quinto volume da série Tinta Vermelha, que propõe a reflexão e até mesmo a intervenção em acontecimentos atuais. O primeiro livro da série foi publicado em 2012, sobre o movimento de protestos Occupy, que se espalhou pelo mundo. Desta vez, o foco é a crise política no Brasil, que culminou no afastamento da presidenta Dilma Rousseff e no julgamento do impeachment, previsto para o final de agosto.

O livro reúne textos inéditos de 32 intelectuais e ativistas políticos, além de charges de Laerte e fotografias do acervo do coletivo Mídia Ninja. A perspectiva é multidisciplinar, de esquerda. “Áreas como a democracia, a economia, o judiciário, as lutas sociais, a política externa, a cultura, as lutas das mulheres, dos negros, dos LGBTs, da juventude e a própria legitimidade da ruptura institucional são examinadas, com rigor e detalhe, no calor da hora”, afirma a editora Ivana Jinkings, uma das organizadoras da obra em apresentação intitulada “O golpe que tem vergonha de ser chamado de golpe”.

O cenário da ruptura do processo democrático é analisado, passo a passo, por intelectuais como a filósofa Marilena Chauí, que escreve sobre a nova classe trabalhadora brasileira e a ascensão do conservadorismo, e o sociólogo Michael Löwy, que reflete sobre o Estado de exceção como regra e a democracia como exceção. Figuras políticas também participam da obra. É o caso do ex-ministro Ciro Gomes, ao lembrar que
impeachment não é remédio para administração desastrosa: “Governo ruim passa ligeiro, mas romper com a democracia significa colocar em risco nosso país por muitos anos à frente”.

Na expectativa de construir uma saída para a crise, o cientista político André Singer propõe a formação de uma frente ampla, formada por todos que sejam a favor da democracia: “De todos os aspectos da situação defensiva em curso, um dos poucos positivos é que a bandeira da legalidade ficou com a esquerda. Quem praticou a ilegalidade foi a direita e os setores de centro que a ela se associaram – centro o qual, aliás, precisa ser deslocado em direção às posições de defesa dos direitos conquistados. Não conseguiremos a maioria de que precisamos sem a adesão, também, de setores do centro”.

Livro reúne textos inéditos de 32 autores - Foto: Reprodução
Livro reúne textos inéditos de 32 autores – Foto: Reprodução

Serviço:

Ato de lançamento do livro Por que Gritamos Golpe? Para Entender o Impeachment e a Crise Política no Brasil (Boitempo Editorial, 174 páginas).

Sexta-feira, 15 de julho, às 18 horas

Quadra dos Bancários, rua Tabatinguera, 192, centro, São Paulo


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