O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do senador Romero Jucá (PMDB-RR), do ex-presidente da República José Sarney e do presidente da Câmara dos Deputados afastado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por suspeita de obstruírem as investigações da Operação Lava Jato. No caso de Sarney, a prisão seria domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica.
De acordo com o jornal O Globo, os pedidos de prisão estão há pelo menos uma semana com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, relator da Lava Jato no tribunal.
Janot pediu também o afastamento de Renan da presidência do Senado. A alegação se baseia na delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.
Gravações que Machado fez de conversas com políticos derrubaram dois ministros nos primeiros 15 dias do governo interino de Michel Temer: Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência).
Machado contou aos investigadores ter pago pelo menos R$ 70 milhões a integrantes da cúpula do PMDB. Renan teria ficado com R$ 30 milhões. Enquanto Jucá e Sarney teriam embolsado outros R$ 20 milhões cada um.
Os valores, segundo Machado, foram desviados da subsidiária da Petrobras, responsável pelo transporte de combustível no País.
Outro lado
Renan divulgou nota oficial em que chama de “desarrazoada” a decisão do procurador. Em nota divulgada por sua assessoria, Renan classificou de “desarrazoada, desproporcional e abusiva” a solicitação de prisão. Cunha disse que ainda não tomou ciência do conteúdo do pedido de Janot e, por isso, não pode contestar as motivações. “Mas vejo com estranheza esse absurdo pedido, e divulgado no momento da votação no Conselho de Ética, visando a constranger parlamentares que defendem a minha absolvição e buscando influenciar no seu resultado”.
José Sarney, também por meio de nota, afirmou que estava “perplexo, indignado e revoltado”. Ele destacou que, após ter dedicado 60 anos à vida pública, julgou que “tivesse o respeito” de autoridades do porte do procurador-geral da República. “Jamais agi para obstruir a Justiça. Sempre a prestigiei e fortaleci. Prestei serviços ao país, o maior deles, conduzir a transição para a democracia e a elaboração da Constituição daRepública”, escreveu. Também por nota, Romero Jucá disse considerar “absurdo” o pedido de prisão, falou que não teme nada e afirmou que apoia qualquer tipo de investigação. Jucá ressaltou ainda que lamenta “este tipo de vazamento seletivo” que, segundo ele, “expõe as pessoas sem nenhum tipo de contraditório”.
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